Quando recebeu as primeiras botas de futebol dormiu com elas na cama
Mário Pereira, presidente da Câmara de Alpiarça não se entusiasma com o Natal
Vive o Natal porque não há meio de lhe escapar. Há a família, principalmente os filhos e os amigos. E essas razões sobrepõem-se às convicções.António Palmeiro
O presente de Natal que mais marcou na infância Mário Pereira, o novo presidente da Câmara de Alpiarça, eleito pela CDU, foi umas botas de futebol com pitons. Porque naquela altura eram poucos os que podiam dar-se ao luxo de as ter. O militante comunista, que na altura devia ter uns 10 anos de idade, lembra-se que estava tão feliz com a oferta que nessa noite dormiu com o presente ao lado. “Era uma coisa que pedia há muito tempo. Hoje parece uma coisa insignificante, mas naqueles tempos era uma grande prenda”.O autarca considera que era uma criança privilegiada porque recebia sempre muitos presentes. Em parte porque havia a tradição na escola José Relvas, onde a mãe era funcionária, de cada trabalhadora oferecer uma prenda aos filhos das colegas. Mário Pereira não acredita em Deus e por isso as tradições religiosas passam-lhe ao lado. Nunca foi a uma missa do galo. Mas ressalva que isso não tem a ver com a ideologia partidária, porque até há militantes comunistas que são católicos. Em casa costuma ter o pinheiro de Natal, mais pela mulher e pelos filhos, do que propriamente por gostar. E arranja sempre uma desculpa para não participar na tarefa de enfeitar a árvore. Dos dias de Natal da sua infância recorda-se também dos tradicionais bailes que existiam no Grupo Desportivo “Os Águias” e na Sociedade Filarmónica, que hoje já não se realizam. Era um participante assíduo, “mais para ver o ambiente, conversar e conviver com os amigos”, porque para dançarino não tinha e continua a não ter grande jeito. Quando já era mais velho a ida à discoteca deu lugar aos bailes. O dia mais importante era o 25 de Dezembro, quando os familiares e os amigos mais próximos faziam questão de passar pela sua casa.Deixou de acreditar no Pai Natal não se lembra com que idade, mas foi muito cedo, porque descobriu onde se guardavam as prendas. E nos anos seguintes, às escondidas, tirava a fita-cola dos embrulhos com todo o cuidado para ver o que lhe iam oferecer. Os seus filhos, uma rapariga de oito anos e um rapaz de sete anos já começam a pôr em causa a existência dessa figura imaginária. “Agora dou por mim a defender que o Pai Natal existe mesmo, mas acho que já não os convenço”, sublinha. Nos últimos anos tem passado o Natal em casa dos sogros, em Ponte de Lima. Come o bacalhau com couves na consoada, mais por gostar deste prato do que propriamente pela tradição. Até porque enquanto viveu com a mãe nunca houve essa tradição. Confessa que, talvez por ser filho único, é um bocado egoísta. Gosta mais de receber presentes do que de dar. “Fui muito mal habituado!”, confessa. Apesar disso participa na escolha das prendas e tenta sempre acompanhar a esposa nas compras de Natal. Apesar de os afazeres lhe deixarem pouco tempo, o autarca não perde o encontro nesta época com um grupo de amigos. Em cada ano a festa realiza-se em casa de um. Nesse dia há sempre alguém que se veste de Pai Natal, tarefa que até agora nunca lhe coube, talvez por os amigos saberem que não seria do seu agrado.
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