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Luís Martins Bombeiro, 42 anos, Vila Franca de Xira

Luís Martins Bombeiro, 42 anos, Vila Franca de Xira

“Andam aí tantos cães e gatos abandonados pela cidade a precisar de apoio. Infelizmente também já há quase tantas pessoas abandonadas como o número de animais. Basta ir aos hospitais e ver as desgraças que lá andam, com as pessoas a abandonarem os familiares. Quando já não podem tê-los metem-nos lá. É uma tristeza. Somos um país de pessoas frias, que só contam com a sua própria barriga, infelizmente”.

As cheias que inundaram a cidade foram um problema para si?Para mim directamente não. Até porque, na minha opinião, as cheias não foram nada como houve em outros anos. O maior susto foi mesmo na zona do Bairro dos Avieiros apesar de estarem preparados para estas ocorrências. Fui o primeiro bombeiro a chegar lá e espantou-me as pessoas não quererem sair das suas casas. São teimosas e ficam mesmo até à última para salvarem as suas posses. Acabámos por andar com água pelo tronco a tirar as pessoas das casas, algumas acamadas, outras com crianças. Foi um cenário de outro mundo, as casas estavam mesmo todas alagadas.Isso daria um bom capítulo para um futuro livro…Não! (Risos) Eu nunca escrevi nem pensei nisso porque o tempo é pouco para escrever e se eu pudesse meter tudo no papel o que não ia faltar era assunto. Coisas boas, coisas más, um bocadinho de tudo como a vida.Era capaz de ver uma tourada a favor dos animais?Sim, não vejo porque não. Eu achei que a iniciativa foi bem pensada porque os animais também precisam de ajuda. Andam aí tantos cães e gatos abandonados pela cidade a precisar de apoio. Infelizmente também já há quase tantas pessoas abandonadas como o número de animais. Basta ir aos hospitais e ver as desgraças que lá andam, com as pessoas a abandonarem os familiares. Quando já não podem tê-los metem-nos lá. É uma tristeza. Somos um país de pessoas frias, que só contam com a sua própria barriga, infelizmente.Quando fala ao telefone tem medo de estar sob escuta?(Risos) Não, acho que quem não deve não teme, como diz o ditado. Acho lamentável tudo o que se tem passado a nível nacional sobre essa matéria. Os políticos andam a ocupar-se com assuntos sem qualquer interesse. Isto já está tudo viciado e temos de nos convencer de uma coisa: qualquer partido que vá para o Governo faz a mesma coisa. Isto porque o país está sem solução. Não importa prometerem que vão para lá para mudar alguma coisa porque é tudo uma treta, ninguém muda nada. Dava jeito ganhar o Euromilhões amanhã?Sem dúvida! Se ganhasse a minha família ficava logo bem, que eu ia ajudá-los muito. Eu ficaria bem mas não deixaria de trabalhar, acho que arranjava logo outra ocupação. Mas continuava sempre a ser bombeiro, que é algo que adoro ser, desde há muitos anos.E os cortes nos apoios ao teatro amador no concelho?Eu já fiz teatro quando era mais pequeno, na minha terra, Paio Mendes (Ferreira do Zêzere). A minha prima foi actriz, era a Ivone Silva. O Morais e Castro também era meu primo e fiz muito teatro quando era pequenino. Para mim o teatro, a nível do concelho e a nível nacional, morreu. Isso é uma pena porque era das poucas coisas que Portugal tinha de bom.
Luís Martins Bombeiro, 42 anos, Vila Franca de Xira

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