O Núcleo Chasa perdeu em casa por 3-2 frente ao Benfica, actual primeiro classificado do Campeonato da 1ª Divisão Distrital de Futsal Feminino da Associação de Futebol de Lisboa.Depois de 9 jornadas sem perder, a equipa de Alverca entrou em campo disposta a jogar de igual para igual e a contrariar o favoritismo da equipa visitante. O Sport Lisboa e Benfica criou as melhores oportunidades, na primeira parte do jogo, mas o Núcleo Chasa deu sempre boa réplica, com o jogo a ter uma toada bastante rápida e a obrigar as guarda-redes de ambas as equipas a empenhar-se para evitar o golo.Foi a equipa encarnada, no entanto, quem abriu o marcador já muito perto do intervalo, com uma jogada fantástica de Inês Fernandes, a fugir em velocidade pelo corredor direito, a ir até à linha e a cruzar rasteiro para Fernanda, que teve apenas que encostar para fazer o primeiro golo. Ao intervalo, o Pavilhão Desportivo Municipal de Alverca começou a mostrar-se insuficiente para o público que queria assistir ao jogo. As duas bancadas encheram por completo e houve ainda quem tivesse de ficar de pé.Na segunda parte, o jogo aumentou de ritmo, e foi o Benfica a aumentar a vantagem para 2-0, através de Inês Fernandes. A equipa da casa, porém, não baixou os braços e foi em busca do prejuízo, conseguindo mesmo o empate, primeiro por Vanessa Silva, numa jogada de contra-ataque, e depois com um remate fortíssimo de Sílvia Leitão, a não dar hipóteses de defesa à guarda-redes adversária.Quando a equipa alverquense já acreditava no empate, o talento individual de Rita Martins resolveu o jogo a favor da formação encarnada. A número 7 do Benfica fintou a guarda-redes do Núcleo Chasa e marcou o golo decisivo passando a bola pelo meio das pernas da defesa. Apesar da derrota, o treinador João Gonçalves admite que “este foi o melhor jogo do campeonato”. O treinador do Núcleo Chasa considera que o empate seria o resultado justo, “mas quem marca mais, ganha”. O técnico, que neste jogo ficou na bancada devido a castigo e foi substituído por Tiago Vieira no comando da equipa, sublinhou a “atitude extraordinária da equipa que ao estar a perder por 2-0 conseguiu dar a volta e empatar”. O treinador do Benfica, que se estreou este domingo frente à Chasa, também admite que o jogo foi difícil e reconhece o mérito das adversárias. “A Chasa estava muito bem trabalhada e surpreendeu pela qualidade. Foi uma equipa muito bem organizada e muito bem orientada e conseguimos resolver o jogo pela grande qualidade das jogadoras do Benfica”, sublinhou Luís Mata. O responsável considera que a vitória foi justa, mas que “o empate também não escandalizava”.Com a derrota o Núcleo Chasa permanece na terceira posição, com 37 pontos, enquanto o Benfica reforça o primeiro lugar, com 49.Na próxima jornada a formação de Alverca desloca-se ao terreno da Quinta dos Lombos, equipa com quem perdeu na primeira volta do campeonato.“Já é tempo de acabar com o preconceito”Adversárias dentro de campo mas unidas na luta pela emancipação e contra o preconceito, Sónia Dias (S.L. Benfica) e Sara Dominguez (Núcleo Chasa) são duas das atletas do concelho de Vila Franca de Xira que dão a cara pelo futsal feminino, em vésperas do Dia Internacional da Mulher.“Não acho justo quando se diz que esta é uma modalidade só para rapazes. Acho que as mentalidades estão a mudar e as pessoas já começam a ver o futsal como um desporto também para mulheres”, refere a capitã do Núcleo Chasa, que começou a jogar à bola ainda em criança, primeiro na escola e depois na formação alverquense.Já a benfiquista não se mostra tão optimista e sublinha que “ainda existem muitos estereótipos associados ao futebol feminino”. Sónia Dias admite que as mentalidades têm vindo a mudar, mas alerta que “há ainda muito trabalho a fazer e é preciso apostar mais na formação e criar mais equipas, pois é isso que faz com que o futsal feminino tenha mais projecção”. João Gonçalves, actualmente no comando técnico da formação alverquense, dirige há vários anos equipas femininas e diz que a ideia de que o futebol é só para rapazes “é totalmente injusta”. “Basta assistirem a um jogo e verão que as mulheres têm tantas capacidades como os homens”, sublinha o responsável do Núcleo Chasa.A provar isso mesmo estão as palavras de Sónia Dias quando relembra um jogo entre o Sport Lisboa e Benfica e a equipa de futsal do jornal A BOLA, há alguns anos. “Jogámos contra eles e ganhámos o primeiro jogo. Eles nem queriam acreditar. Então pediram-nos a desforra porque disseram que não estavam a jogar a sério e que tinham medo de nos magoar. Mas a verdade é que voltámos a jogar e eles voltaram a perder”, diz com um sorriso maroto.