Quando o mérito de criar o próprio emprego é reconhecido
Forçado a deixar o emprego em 2001, Vítor Manuel Gonçalves Pereira, com 77 por cento de incapacidade motora e visual, decidiu explorar há um ano um pequeno quiosque junto ao Centro de Saúde do Entroncamento. Recentemente viu o seu esforço reconhecido ao ser contemplado com um diploma de Mérito relativo à criação do próprio emprego. Foi no passado dia 1 de Fevereiro que o diploma lhe foi entregue na Fundação Portuguesa da Comunicação, em Lisboa. Na sessão, onde estava presente a Ministra do Trabalho e da Solidariedade Social, Helena André, foram distinguidas mais três pessoas deficientes que em 2009 criaram o próprio emprego. Ao todo concorreram a esta iniciativa 68 pessoas de todo o país. “Penso que foi por eu mostrar que o lugar do deficiente não é em casa. A maior parte dos deficientes que conheço estão acomodados” contou a O MIRANTE.Victor Pereira, 59 anos, que foi convidado a inscrever-se na iniciativa pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), preencheu um formulário e escreveu em três páginas A4 o testemunho da sua luta pelo emprego desde que ficou com uma grave deficiência na sequência de um acidente que teve em 1986. “Os deficientes devem continuar a lutar para fazer alguma coisa pelo país. Não devemos ficar em casa à espera dos subsídios”, atesta, salientando que para além do reconhecimento público teve direito a um prémio pecuniário, cujo valor não revela, e que lhe deu jeito até “porque o negócio tem estado muito parado”. Para além de vender jornais e revistas, no quiosque encontram-se expostas peças de artesanato feitas à mão por sua esposa, Ana Bela, 55 anos, que segundo diz sofre de uma deficiência visual ainda mais grave. “A força está no nosso interior e nunca nos devemos conformar e estender a mão à caridade. Não somos nenhuns coitadinhos. Temos que pedir ajuda para não estar parados”, concluiu.
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