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O fotógrafo que descobriu a “paixão louca” pela mão do tio

Félix Amaro adora fazer retratos e captar centenas de expressões faciais de uma pessoa
Félix Amaro tem 27 anos e é fotógrafo profissional há nove anos. A paixão – que diz ser louca – pela fotografia começou aos 15 anos quando foi passar as férias de Verão a casa do tio em Bruxelas, na Bélgica. O jovem natural de Santarém ajudava o tio nos seus trabalhos e ficou com o bichinho da fotografia. Quando regressou a Portugal veio com a sua primeira máquina fotográfica na mochila. Uma Yashica em quinta mão, com cerca de 25 anos. Começou a fotografar paisagens, pessoas, natureza morta, tudo o que lhe aparecia pela frente e descobriu a “beleza mágica” que se consegue colocar numa fotografia. Até entrar para o curso de Artes Gráficas, em Tomar, aprendeu sozinho e a ver os trabalhos dos outros com o objectivo de melhorar todos os dias.Já teve cinco máquinas, três analógicas e duas digitais. Félix Amaro não tem preferência em trabalhar com uma ou outra. “A máquina analógica está ligada ao passado, à nostalgia, gosto de utilizá-la para trabalhos pessoais e temáticos. Quando penso num trabalho ou me dizem como querem que fique o trabalho, eu penso imediatamente no resultado final e decido qual a máquina que mais se adequa”, explica.Com a máquina digital a revelação das fotografias é mais rápida enquanto que com a analógica o processo é mais moroso. Depois de tirada a fotografia, a película é revelada com recurso a vários químicos e exposta numa folha de papel sensível à luz. Passada esta etapa passa-se para o fixador que, como o nome indica, fixa a imagem exposta. Retira-se do recipiente onde está embutida a folha de papel indo para o banho de paragem onde fica entre 30 a 60 segundos. O último passo é deixar a fotografia secar no chamado estendal de roupa sob uma luz vermelha muito ténue.Félix Amaro adora fazer retratos, captar centenas de expressões faciais de uma pessoa. Para o fotógrafo todas as pessoas têm um lado curioso para fotografar, cabe a quem tem a máquina na mão captar o melhor perfil, o melhor ângulo, a melhor expressão e a melhor atitude do “manequim”. “Um bom fotógrafo não tem que ter a melhor máquina do mundo, tem que ter sobretudo muita sensibilidade para conseguir fazer uma boa fotografia”, salienta. Fotografar pessoas é o que mais gosta de fazer. O jovem refere que ao captar a paisagem existe a beleza do momento mas falta “o feedback das pessoas, o contacto humano”. Félix Amaro já realizou duas exposições, uma em Santarém e outra em Constância. Cheio de projectos, o jovem pretende organizar workshops na área da fotografia na cidade natal. “Quero dinamizar a cidade com projectos culturais que é o que faz falta. Trazer jovens artistas a Santarém, que tem falta de cultura”, afirma.O jovem também faz trabalhos em baptizados e casamentos e não considera este um trabalho menor da fotografia. Tudo o que faz é original e Félix opta por ser diferente executando um trabalho personalizado em cada projecto. Na sua opinião, os programas de tratamento de imagem como o Photoshop vieram ajudar os fotógrafos. Mas Félix não concorda que com os novos programas qualquer pessoa possa ser um bom fotógrafo. “Como em qualquer ferramenta de trabalho temos que saber tirar bom partido dela. Mesmo com os melhores programas nem todos conseguem ser excelentes profissionais, porque nem todos conseguem ter a sensibilidade necessária para captar o momento ideal de uma fotografia. O Photoshop faz quase tudo, mas ainda não consegue fazer tudo. Há quem lhe chame arte digital, eu prefiro chamar arte pouco sentimental”, diz. O fotógrafo concilia a fotografia com outro trabalho numa loja de roupa e no final de Abril vai inaugurar um estúdio em Almeirim para desenvolver o seu trabalho. Félix Amaro considera que é possível viver apenas da fotografia mas no nosso país é mais complicado uma vez que não existem apoios para os jovens artistas. “Se formos para qualquer país da Europa ou Estados Unidos da América o Governo dá apoios para que os jovens se possam lançar numa carreira artística. Aqui não”, lamenta, acrescentando que trabalhar no estrangeiro é uma hipótese em aberto, mas não para já. O seu maior sonho é ser o primeiro português a vencer o Masters Hasselblad considerado o prémio mais mediático do mundo fotográfico.

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