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Trabalhar 16 horas por dia e os sacrifícios das mulheres que querem estar no topo

Trabalhar 16 horas por dia e os sacrifícios das mulheres que querem estar no topo

Ministra da cultura Gabriela Canavilhas esteve em Vila Franca de Xira para assinalar Dia Internacional da Mulher

Trabalhar 16 horas por dia e fazer sacrifícios familiares são algumas das condições para que as mulheres ascendam a lugares de topo. “Nada é adquirido. Nada se conquista por decreto”, disse a ministra da cultura, numa conversa de mulheres em Vila Franca de Xira.

Para chegar a lugares de topo as mulheres têm que querer e lutar por isso o que é sinónimo de alguns sacrifícios. As palavras são da ministra da cultura, Gabriela Canavilhas, que esteve à conversa no Museu do Neo-Realimo, na tarde de segunda-feira, 8 de Março, em Vila Franca de Xira, para assinalar o Dia Internacional da Mulher. “É preciso trabalhar 14 ou 16 horas por dia, não estar com a família, com os pais e com os filhos”, ilustra a pianista, natural dos Açores, que ficou com a pasta da cultura na última legislatura. A governante concorda com as quotas numa fase inicial e como “um mal necessário” que permita às mulheres criar espaço, tal como considera que faz sentido comemorar o Dia Internacional da Mulher enquanto for preciso.“Nada é adquirido. Nada se conquista por decreto. Têm que ser conquistas diárias e quotidianas e vontade. É tudo uma questão de capacidade de entrega e de luta” afirmou Gabriela Canavilhas.Gabriela Canavilhas citou Agostinho da Silva para sublinhar que somos responsáveis por tudo o que nos acontece. “Acontece porque nós deixamos. Nós é que comandamos o nosso destino. Nós é que permitimos que nos aconteça o bem e o mal”. Gabriela Canavilhas admitiu, em declarações a O MIRANTE, que o acesso à educação tem sido um dos grandes problemas no desenvolvimento das pessoas, mas sublinha que nos últimos 30 anos, depois do 25 de Abril, deram-se passos importantes no alargamento da democratização do ensino. Portugal ainda está atrasado a este nível e as carências fazem sentir-se ao nível da formação. “Claramente as mulheres têm sido as mais prejudicadas. Mas hoje já temos novas estatísticas que provam que as mulheres estão a conquistar espaço nas universidades superior ao dos homens. Temos que ser optimistas e pensar que num futuro próximo se vai alterar esta situação”.A vereadora da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Conceição Santos, é também uma defensora das quotas enquanto forma de vencer as resistências. “Não temos outra forma que seria a forma natural”, ressalvou a autarca que lembrou as mulheres vítimas de violência doméstica. A inutilidade de um dia internacional“Mas porquê o Dia da Mulher?”, pergunta Helena Guerra antes da chegada da ministra do Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira. A viúva do escritor Álvaro Guerra está contra a celebração de um dia dedicado ao sexo feminino. “O dia de qualquer coisa é chamar extemporaneamente a atenção para um assunto sem resolver nada”, comenta. Para garantir igualdade seria naturalmente preciso promover o dia do homem, continua. “Temos que nos lembrar de que há mulheres todos os dias. E como até somos uma região do mundo favorecida lembremo-nos das mulheres que têm problemas em tanta parte do mundo”, apela Helena Guerra que se assume não pela defesa do homem ou da mulher, mas do ser humano. “As desigualdades somos nós próprias que as criamos”. Promover a igualdade é promover o trabalho em equipas com homens e mulheres, explica quem começou a trabalhar muito jovem num meio maioritariamente masculino - o cinema. “Primeiro tinham que ver que era inteligente e que sabia o que estava a fazer e depois talvez deixasse que sentissem que era mulher”.
Trabalhar 16 horas por dia e os sacrifícios das mulheres que querem estar no topo

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