O estaleiro da empreitada de construção do Parque Central do Cartaxo - que na primeira fase prevê a criação do parque de estacionamento subterrâneo e parque infantil na praça 15 de Dezembro e de uma zona de bares no largo Vasco da Gama, junto à praça de touros - está a ser montado e a obra vai avançar de forma ininterrupta. Isto apesar de ainda não ter obtido visto do Tribunal de Contas e não estar contratualizado o financiamento que cabe à autarquia. A informação foi dada pelo vice-presidente da autarquia, Paulo Varanda (PS), durante a última reunião do executivo. O presidente Paulo Caldas esteve ausente por estar numa reunião sobre as compensações no âmbito da mudança de localização do novo aeroporto de Lisboa de Ota para o Campo de Tiro de Alcochete. Apesar de não estar assinada a contratualização dos 1,9 milhões de euros que cabem à câmara – os 2,8 milhões de euros de fundos comunitários devem ser processados pela CCDR-LVT dentro de um mês – o vice-presidente referiu que tudo ficou resolvido após a assinatura do contrato de concessão a privados da exploração dos sistemas de abastecimento de água e saneamento básico do concelho, na quinta-feira, dia 18. Com as verbas garantidas no âmbito desse contrato, a empresa municipal Rumo 2020, dona da obra do parque central, avaliza o empréstimo junto da banca.Desde há duas semanas que há contentores montados no terreno, algumas árvores foram cortadas e removidas e decorre a deslocalização de monumentos como a estátua de Marcelino Mesquita, o Memorial aos Combatentes do Cartaxo na I Grande Guerra e o próprio desmantelamento do coreto. Dia 16 o memorial aos combatentes foi retirado, o que já provocou reacções de desagrado (ver caixa). “Neste momento decorre a fase de instalação do estaleiro e a obra seguirá com a fase de escavação, a definição das paredes de contenção periférica da cave que irá constituir o parque de estacionamento. Estamos seguros que a obra arranca e só pára no momento em que a tenhamos de inaugurar. Estamos seguros dos passos dados e não há riscos associados à paragem da obra”, referiu Paulo Varanda à comunicação social. Durante a reunião de câmara de dia 16, a vereadora Rute Ouro, que preside à empresa municipal Rumo 2020, acrescentou que o contrato com a empresa Constrope prevê o arranque da obra em 60 dias. Informou ainda que um CD com toda a informação financeira do projecto foi enviado para o Tribunal de Contas. Uma informação que a vereadora repetiu em reuniões anteriores.Apesar de o processo ser irreversível, os vereadores da oposição na câmara continuam a deixar algumas críticas. Para Paulo Neves (PSD), a câmara continua a actuar ao contrário do que outras autarquias estão a fazer e indo contra-corrente ao período de crise que se vive. “Em Salvaterra de Magos há empresas a pedirem adiantamentos sem haver obra. Na Chamusca a câmara levanta cauções depositadas por empreiteiros para lhes facilitar a vida. Aqui no Cartaxo não conseguimos pagar as obras que iniciámos e vamos começar com outra”, analisou o autarca. Por seu turno, Mário Júlio Reis (CDU) preferiu demarcar-se do processo e das declarações do vice-presidente de se avançar com a obra sem haver visto do TC e financiamento garantidoVeteranos de guerra descontentes com retirada de memorial A Associação de Combatentes do Ultramar e a Associação dos Antigos Prisioneiros de Guerra não gostaram de ver o memorial aos antigos combatentes do Cartaxo na I Grande Guerra ser removido da praça 15 de Dezembro. Em e-mails dirigidos a Paulo Caldas, consideram vergonhosa a situação e questionam por quantos meses tal se irá protelar. Lembram que a situação será imperdoável caso o monumento com os 19 nomes de ex-combatentes não seja reposto até ao dia de Portugal. O Memorial aos Combatentes do Cartaxo na I Guerra Mundial foi implantado em 29 de Outubro de 1922, conta com uma placa comemorativa do 50.º aniversário do Armistício e o lapidário com os 19 nomes de combatentes descerrado em 5 de Fevereiro de 1955. .