É no Consultório do Jardim, em Almeirim, que trabalha há três anos. Mas é no trato pessoal com os doentes e os médicos que Filomena Castelo se sente mais à vontade. “Vamos conhecendo as pessoas, falando e ouvindo os seus desabafos, dando-lhes atenção e apoio. Não basta dizer às pessoas que entrem, se sentem numa cadeira e aguardem pela sua vez. Para isso já temos os serviços públicos de saúde”, diz com um sorriso.Filomena Castelo trabalha durante a semana a partir das dez horas da manhã e até quando houver serviço de médicos. O que inclui os sábados se tal se verificar. No consultório cabe-lhe também contratar os médicos que prestam serviço na clínica através de seguradoras e tratar dos papéis que seguem para o contabilista. É um trabalho que faz com gosto, garante Filomena. Se o dia não é de marcações, faz um trabalho mais administrativo. No seu espaço, em frente à estrada do consultório, tem o imprescindí-vel computador e o telefone, não faltando os ficheiros clínicos e a impressora. O e-mail é cada vez mais um instrumento para fazer e receber marcações de consultas de médicos e pacientes.À clínica aparecem pessoas de todos os géneros, idades e proveniências. Os mais velhos, que conhecem bem Filomena, tratam-na por filha. Não sendo médica não se escusa a dar conselhos sobre as especialidades a que os pacientes devem recorrer. É a experiência que o vai ditando. E alguns doentes, como sinal de reconhecimento, até lhe deixam algum dinheiro, uma espécie de gorjeta. “Numa ocasião um senhor que deveria ir a uma consulta de homeopatia acabou por ser consultado noutra especialidade e estranhava não ter sido submetido a tratamento com uma máquina. No final, à saída, disse-me que estava a sentir-se tão bem e deu-me dez euros”, recorda Filomena Castelo, como um dos episódios mais en-graçados por que passou.Há três anos Filomena trabalhava noutra clínica médica de Almeirim e de lá agradece o apoio da enfermeira Ani, que de um trabalho de limpeza doméstica promoveu Filomena a assistente de consultório. Filome-na Castelo é de Achete, concelho de Santarém, mora em Alpiarça desde os seis anos e trabalha em Almeirim. Teve uma vida profissional muito intensa. Esteve numa casa de modas, trabalhou no bar do Águias de Alpiarça, além de ter passado por uma sociedade de um restaurante durante seis anos e de um bar durante três anos. A partir daí foi ama de crianças e trabalhou em limpezas na casa de uma amiga. Um trajecto que Filomena não tem pejo em descrever porque defende que o trabalhador deve olhar para a melhor proposta.A assistente de consultório diz que gosta de trabalhar em Almeirim, a terra onde se valorizou profissionalmente. “Sinto que aqui sou vista com outros olhos já que em Alpiarça não há grandes oportunidades de emprego”, confessa, para quem a vila é quase um local de dormida. Um problema de saúde afastou-a da clínica durante cinco meses e deixou mazelas, mas a técnica permanece com a mesma vontade e simpatia. Filomena Castelo sempre gostou de ser empregada de escritório. Cedo deixou os estudos, casou e não voltou a pensar em ter novas habilitações, mesmo com o aparecimento das Novas Oportunidades. O futuro está sempre à espreita e Filomena Castelo estuda com uma amiga criar uma sociedade para abrir um salão de cabeleireiro. Nada de se meter em cabelos e penteados, apenas um espaço para gerir e para juntar ao seu trabalho de assistente de consultório. O local ainda é segredo. “Afinal, ter um espaço meu é sempre diferente”, conclui.