
Depósitos de “monstros” nas freguesias de Tomar com fim anunciado
Falta de civismo leva autarcas a desistir de gerir equipamentos transformados em autênticas lixeiras
Apesar de terem sido colocadas placas indicadoras dos resíduos que se aceitam no local, há munícipes que não respeitam as indicações.
Os depósitos de “monstros”, nome atribuído a móveis, electrodomésticos e outros artigos de grandes dimensões (como sofás, televisores ou frigoríficos, por exemplo) em fim de vida parecem ter os dias contados no concelho de Tomar. Com o objectivo de resolver o problema das lixeiras que proliferavam um pouco por todo o concelho, algumas juntas de freguesia - Asseiceira, Alviobeira, Além da Ribeira Casais, Junceira e Pedreira avançaram há cerca de cinco anos com a criação de um local específico para receber estes resíduos de grandes dimensões. Destes, actualmente, só restam três em funcionamento.“A ideia era evitar a dispersão de lixo pela freguesia. A junta geria os depósitos com o apoio da câmara, que uma vez por semana faz a recolha dos detritos”, explicou a O MIRANTE Carlos Carrão (PSD), vice-presidente da câmara. O autarca explica que o problema tem duas faces. Muitos deslocam-se a estes depósitos à procura de sucata ou peças que possam vir a ser reutilizáveis e, por outro lado, as pessoas não respeitam as indicações que se encontram no local “e vão lá despejar tudo e mais alguma coisa”. Foi o que aconteceu em Além da Ribeira, palco de uma descarga inadequada no dia 9 de Março. Para o local, dirigiu-se uma equipa do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR de Tomar que tirou fotografias aos detritos e procedeu à investigação, uma vez que esta infracção é punível com uma contra-ordenação.De acordo com o presidente da Junta de Freguesia de Além da Ribeira, João Henriques (PS), desconhecidos conduziam uma carrinha de caixa aberta e entraram no depósito. Em seguida, descarregaram um conjunto de tubos industriais, ocupando, inclusive, parte da estrada. O local, junto a um pinhal, não é vigiado e apesar de estar parcialmente vedado qualquer pessoa ali se dirige para descarregar detritos. Apesar de terem sido colocadas placas indicadoras dos resíduos que se aceitam no local, a custo zero, os munícipes parecem respeitar pouco as indicações. “Até pára-brisas aqui vêm pôr e pelo que sei não há aqui nenhuma oficina que os fabrique. Isto só me dá vontade de acabar com tudo”, atesta o autarca desanimado.O depósito de monos de Além da Ribeira é, a par dos das freguesias de Pedreira e Junceira, um dos três que ainda se encontram a funcionar no concelho de Tomar. Jaime Lopes (PSD), presidente da Junta de Freguesia de Casais recorda que o que parecia inicialmente uma boa ideia não obteve, na prática, resultados positivos. “Penso que fomos a primeira freguesia a ter um depósito destes, no Casal das Olas. Funcionou bem nos primeiros seis meses mas depois as pessoas começaram a desrespeitar”, recorda o autarca a O MIRANTE, que chegou a mandar imprimir folhetos de sensibilização para entregar à população com os procedimentos adequados. Há cerca de ano e meio, agastado com a falta de civismo, decidiu encerrar de vez o equipamento. “Não faltava lá nada. Uma vez até lá foram despejar estrume de coelho”, recorda. Os depósitos de recolha de monstros geridos pelas freguesias nada têm a ver com os ecocentros que são dinamizados pela Resitejo (Associação de Gestão e Tratamento dos Lixos do Médio Tejo) e que estão instalados em Alcanena, Chamusca, Ferreira do Zêzere, Golegã, Santarém, Tomar (estação de transferência na Zona Industrial), Torres Novas e Entroncamento/Vila Nova da Barquinha. Estes equipamentos, com um horário de funcionamento estipulado, estão preparados para receber papel, cartão, vidro, plásticos, materiais ferrosos mas também móveis velhos, restos de madeiras velhas, electrodomésticos velhos e colchões e são vigiados por um funcionário da Resitejo. Métodos de recolha de monstros variam consoante municípioO método de recolha de “monstros” parece variar de concelho para concelho. Em Almeirim, por exemplo, existe desde meados de Março de 2008, a “Camioneta dos Monstros”. Trata-se de um serviço gratuito da autarquia que garante a recolha de frigoríficos, máquinas velhas, sofás e outros objectos de grande dimensão. O serviço pode ser solicitado pelo telefone 243 594 100 ou então através da página da Internet do município, em www.cm-almeirim.pt. Em Torres Novas, a autarquia promoveu em 2009 uma campanha de sensibilização com vista à recolha gratuita de colchões, frigoríficos, fogões, armários, sofás e também dos chamados resíduos verdes, como ramagens de árvores, restos de ervas e aparas de jardins. Os munícipes só têm que ligar o número verde da “Cespa Portugal” através do 800 206 947, todos os dias úteis das 09h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00.

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