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Maus cheiros provenientes de fábrica de curtumes motivam queixas em Alcanena

Maus cheiros provenientes de fábrica de curtumes motivam queixas em Alcanena

Empresa “Curtumes Boaventura” funciona há mais de 40 anos num local onde foram sendo construídas casas em redor

Autoridades dizem que não foram encontradas quaisquer irregularidades e que situação deriva do deficiente ordenamento do território, que permitiu construção junto a unidades industriais.

“Há dias e noites em que é impossível viver em Alcanena”. O desabafo de um cidadão tem a ver com o mau cheiro que emana da fábrica “Curtumes Boaventura”, localizada num vale mas relativamente perto do centro da vila. A fábrica existe no local há mais de 40 anos – foi fundada por Boaventura Ferreira na década de 40 - e apesar de não ser actualmente a principal unidade da empresa que funciona em São Pedro, Alcanena, ainda é utilizada para a laboração. Especialmente, em dias de chuva, os moradores queixam-se que se nota no ar um cheiro activo que irrita as gargantas. “As pessoas que vivem na parte velha e junto ao mercado são as mais afectadas”, consideram, apontando que já foram feitas várias denúncias a organismos responsáveis e que a GNR também já se deslocou ao local. De acordo com o que apurámos, o problema agudiza-se porque a unidade industrial se localiza num vale sendo que a altura da chaminé se encontra ao nível das janelas de algumas casas. Nos dias de chuva e vento, a coluna de fumo sai mais condensada e na direcção das habitações.Na Câmara de Alcanena já foram apresentadas algumas reclamações. A autarquia expôs o assunto aos ministérios da Economia e do Ambiente. De acordo com o apurado, a Secretaria de Estado do Ambiente pediu recentemente esclarecimentos à empresa mas mandou arquivar o processo porque considerou que “estava tudo em condições”.Também a equipa do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da GNR se deslocou ao local mas não encontrou irregularidades. Segundo o que o MIRANTE apurou, no local funciona apenas uma grande caldeira a lenha que, numa fase de arranque, deita um fumo negro. Em relação aos maus cheiros e ao facto de a chaminé estar ao nível das habitações, a GNR diz que pouco pode fazer: “Esse problema deriva, sobretudo, do ordenamento habitacional e de se misturarem zonas industriais com habitacionais como acontece na vila de Alcanena”. Administrador diz que “todos os imperativos legais estão a ser respeitados” A administração da “Curtumes Boaventura” diz que o trabalho ali realizado consiste na transformação e curtimenta do couro verde (em bruto) em “wet-blue”, um processo normal desta indústria. “Não temos secagem de peles nesta unidade. O combustível utilizado na caldeira é lenha”, sublinha Narciso Ferreira, que avança com uma explicação natural para os maus cheiros. “Nos dias de chuva a pressão atmosférica fica mais pesada, o ar fica mais denso e menos volátil, o que faz com que os odores se concentrem a mais baixa altitude. Estes odores são da indústria em geral e não exclusividade da Curtumes Boaventura”, explica, acrescentando que todos os imperativos legais estão a ser cumpridos.“Somos sensíveis a esta situação e até a única indústria de curtumes certificada ambientalmente em Portugal”, completa na resposta escrita. O actual administrador está ainda disponível para receber um representante dos moradores para que veja com os próprios olhos o tipo de combustível usado na caldeira. “Podemos dialogar no sentido de encontrar soluções possíveis para minorar o problema, do qual também sou vítima, pois moro a cerca de 120 metros desta mesma caldeira”, remata.A Inspecção Geral do Ambiente realizou uma inspecção a 25 de Agosto de 2008 e também não encontrou irregularidades.
Maus cheiros provenientes de fábrica de curtumes motivam queixas em Alcanena

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