População dos Casais de Baixo revoltada com descargas poluentes a céu aberto
Autoridades conhecem o problema e garantem que autores estão identificados
A descarga ilegal de efluentes de duas explorações animais para o ribeiro dos Casais de Baixo, concelho de Azambuja, está a revoltar a população. As autoridades garantem que os autores estão identificados.
A população dos Casais de Baixo, composta por mais de um milhar de famílias, está revoltada com o estado em que se encontra o ribeiro às portas da localidade do concelho de Azambuja. Todos os dias são despejados, ilegalmente, milhares de litros de águas sujas para o ribeiro, provenientes de uma pecuária e uma vacaria situadas ali próximo.A maioria das descargas poluentes é feita à noite sobretudo quando chove. Os moradores queixam-se de maus cheiros e inundações, causadas pelo forte caudal das descargas e do crescente assoreamento da ribeira, que obriga os efluentes a passar por cima da estrada e a permanecerem no alcatrão. “Isto é uma miséria. Temos pessoas que passam a pé, outras de bicicleta e de mota, e chegam aos seus empregos completamente sujas e com os pés a cheirar mal. Isto não se admite no século em que vivemos”, critica António Neno, morador, a O MIRANTE.As recentes chuvas fortes que assolaram a região arrastaram consigo mais areia e sedimentos, tapando ainda mais o ribeiro. Segundo o Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente da Guarda Nacional Republicana (SEPNA), os autores das descargas estão “identificados e já foram multados várias vezes”. Porém, segundo os moradores, “as multas saem mais barato do que a construção de uma estação de tratamento de águas, por isso eles continuam a descarregar”, criticam. Segundo apurou o nosso jornal, já foram enviadas duas participações para o Ministério do Ambiente sobre o problema. O MIRANTE tentou obter uma reacção dos alegados autores das descargas mas tal não foi possível até à data de fecho desta edição.“Se quisermos sair de casa para ir à vila, chegamos lá mal cheirosos e com os carros todos sujos porque isto está sempre a correr e quando as vacarias mandam água é impossível passar aqui. Está a ver a cor do «produto»? Isto não é água”, ironiza Manuel Estupendo, morador.Para Gil Coutinho, outro residente, o estado do ribeiro levanta outras preocupações. “Este ribeiro atravessa uma estrada muito importante, não é um carreiro de cabras. Passam aqui diariamente mais de 500 camiões, que usam esta estrada para evitar a proibição de circular dentro de Aveiras de Cima e outros camiões que vão para os parques logísticos. O entupimento da ribeira leva a que as bermas fiquem sempre cheias de água. Qualquer dia fica um camião enfiado no lodo para se desviar de outro que venha no outro sentido”, antevê.Fartos do arrastar do problema, os moradores foram à última reunião do executivo de Azambuja reclamar por soluções. Joaquim Ramos (PS) disse já conhecer o problema. “Relativamente à pecuária e vacaria o que eu sei dizer é isto: aquilo quando foi licenciado foi licenciado em condições de funcionamento que não fossem agressivas para o ambiente. Sei que já tem havido várias fiscalizações do SEPNA relativamente a estas descargas e inclusive multas. Eu próprio, um dia que passei por lá, constatei que estavam a ser feitas descargas a céu aberto e mandei lá a GNR”, admite o presidente da autarquia. Confrontado com as críticas da população o autarca deixou mais uma mensagem: “O que sugiro é que liguem para a GNR, que actua nesse tipo de questões, sempre que vejam que está a ser cometida uma ilegalidade”, rematou.Quanto ao assoreamento do ribeiro a edilidade explica que não pode actuar no local devido ao facto do ribeiro estar sob a tutela do Instituto da Água (INAG). “Quem tem tutela sobre esses ribeiros não é a câmara. É uma autoridade de recursos hídricos que não faz nem deixa fazer. Se intervirmos no local, no dia seguinte estão lá os fiscais a multar o município e nós não estamos disponíveis para isso”, afirmou Joaquim Ramos, prometendo que o assunto não ficará esquecido.O MIRANTE tentou obter mais esclarecimentos sobre esta matéria junto do INAG e do Ministério do Ambiente, bem como dos proprietários, o que não foi possível até fecho de edição.
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