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Alexandre Herculano – Um humanista, baluarte do património histórico e cultural português

O HOMEM PÚBLICOAlexandre Herculano, em 1838, com a sua obra Monumentos Pátrios, tornou-se o percursor da preservação do património cultural português. O historiador utilizou uma prosa severa e enérgica ao abordar a sistemática depredação de que o património cultural vinha sendo vítima: «É contra a índole destruidora dos homens de hoje que a razão e a consciência nos forçam a erguer a voz e a chamar, como o antigo eremita, todos os ânimos capazes de nobre esforço para a nova cruzada. Ergueremos um brado a favor dos monumentos da história, da arte, da gloria nacional, que todos os dias vemos desabar em ruínas» (Monumentos Pátrios, 1838). A. Herculano utilizava expressões cáusticas, tais como: «vandalismo actual», «homens da destruição […], da civilização vandálica», Semelhantes a vermes róis e não edificaes», os culpados, os partidários das «picaretas», das «alavancas», dos «camartelos do bota abaixo», do «vá para terra», e do «arrasa», «bando de miseráveis»… A mesmo tempo, pôs em evidência a importância da preservação dos monumentos, considerando-os «uma riqueza social»: «Quando a arte ou os factos históricos os tornam recomendáveis, convertem-se em capital produtivo» (Id. Ibid.)Em 1939, assumiu o cargo de director das bibliotecas reais das Necessidades e da Ajuda. Foi nomeado «Bibliotecário Mor de sua Magestade, recebendo 600$00 anuais pagos do bolso do rei-consorte D. Fernando II e fixando residência no Alto da Ajuda, em casa contígua à biblioteca do Palácio. Estas novas funções permitiram-lhe dedicar-se à investigação que vieram a dar origem à História de Portugal publicada a partir de 1846 e os restantes tomos em 1847, 1850 e 1853. Esta obra histórica provocou uma forte polémica, sobretudo no meio clerical, porque colocava em causa a tradição do milagre de Ourique, uma vez que não existiam documentos que o provassem. A.    Herculano  recusou colaborar com o governo de Costa Cabral, dedicando-se, porém, à redacção e publicação da sua obra literária: Cartas sobre a História de Portugal (1842), Apontamentos para a História dos Bens da Coroa e Forais (1843-44), O Bobo (1843), Eurico (1844), O Pároco da Aldeia (1844), O Monge de Cister (1848), Lendas e Narrativas (1851).A violenta polémica em torno do milagre de Ourique levou Herculano a publicar várias cartas (1850): Eu e o Clero, Solemnia Verba, Considerações Pacíficas, etc.Participou na preparação da revolução que, encabeçada por Saldanha, veio a pôr termo ao cartismo cabralista e deu origem à Regeneração (1851), cujos propósitos iniciais de reforma da governação pública haviam sido ideados por ele. Recusou a pasta do Reino oferecida por Saldanha. Perante os novos rumos «regeneradores» traçados por Rodrigo da Fonseca e Fontes Pereira de Melo, passou, novamente para a oposição, fundando o jornal «O País» (1851) e definindo a orientação de «O Português» (1853), nos quais se destaca pela crítica política, procurando orientar a opinião pública no sentido das reformas que considerava indispensáveis. Assim, no contexto do seu municipalismo, foi eleito pela oposição presidente da Câmara Municipal de Belém (1853). Em 1854, como presidente da Câmara Municipal de Belém, surgiu a polémica contra o governo, defendendo os munícipes dos vexames dos impostos e da fiscalização governamental. Neste mesmo ano publicou o 1.º volume da História da origem da Inquisição em Portugal, onde no Prólogo ataca a burguesia reaccionária: «Confundindo as ideias de liberdade e progresso com as de licença e desenfreamento, o direito com a opressão e a propriedade, filha sacrossanta do trabalho, com a espoliação e o roubo; tomando, em suma, por sistema de reforma a dissolução social, há poucos anos que certos homens e certas escolas encheram de terror com suas loucuras a classe média, a mais poderosa, as que compõem as sociedades modernas».Em 1855, foi eleito sócio de mérito e vice-presidente da Academia das Ciências de Lisboa, onde se sentiu na obrigação de proceder contra o secretário perpétuo da instituição, Costa Macedo, acusado de desvios, que foi nomeado por Rodrigo da Fonseca director da Torre do Tombo. Por este motivo, A. Herculano, que estava a dirigir a publicação dos Portugaliae Monumenta Historica, recusou-se a continuar as suas investigações no Arquivo Nacional. Em 1873 concluiu os 4 volumes dos Portugaliae Monumenta Historica e publicou Opúsculos, tomos I e II (foram publicados 10 volumes de 1873 até 1908).O NOSSO RIBATEJOEm 1876. A. Herculano pediu pelas vítimas das inundações do Tejo, em Valada, no Cartaxo. Em 1877, organizou a 1.ª Cooperativa dos Agricultores do Distrito de Santarém. Neste mesmo ano morreu em Vale Lobos, ficando sepultado na igreja de Azóia de Baixo até 1888, data em que foi transladado para um túmulo nos Jerónimos, em Lisboa.O bom senso, o equilíbrio, o espírito de cidadania e de serviço público são lições a tirar da sua vida e obra.O iniciador do romance histórico em PortugalAlexandre Herculano de Carvalho e Araújo nasceu na cidade de Lisboa Portugal, em 1810. De origem humilde, não chega a fazer curso universitário; dedica-se , entretanto, aos estudos clássicos e filológicos, formando sua vasta cultura em moldes rígidos. Torna-se em modelo de correção vernacular. É tido como o maior nome das letras de Portugal, somente equiparado a Camões. Em 1831, Alexandre Herculano, por ser avesso ao absolutismo miguelista, é exilado. De volta a Portugal, no ano seguinte, escreve alguns poemas: A harpa do crente, A voz do Profeta. Deixa, mais tarde, esse gênero, dedicando-se inteiramente a ficção. É o iniciador do romance histórico em Portugal; consegue harmonizar a imaginação com a história.Principais Obras:Prosa HistóricaEurico, o PresbitérioO Monge de CisterO BoboLendas e NarrativasHistoriografiaHistória de PortugalHistória da origem e estabelecimento da inquisição em Portugal

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