Um grupo de 15 raparigas com idades entre os 14 e os 18 anos querem mostrar que o futsal não é só para rapazes e não se intimidam com o preconceito que, garantem, ainda existe. A equipa da Casa do Povo de Aveiras de Cima, concelho de Azambuja, compete actualmente no campeonato distrital de juniores da Associação de Futebol de Lisboa, onde ocupa o nono lugar (em 13 equipas). A formação cima - aveirense foi criada em 2008 no seguimento de alguns encontros amigáveis realizados no pavilhão da casa do povo. O projecto foi crescendo ao ritmo da procura dos atletas e tem hoje uma base sólida de competição.“Trabalho, Dedicação, União, Igualdade e Alegria” é o lema da equipa orientada por Selma Cruz e Pedro Duarte (treinador de guarda-redes). Rita Gaspar, Teresa Penedos, Bárbara Pratas, Cristiana Teixeira, Filipa Duarte, Jessica Teles, Jessica Gaspar, Patrícia Gonçalves, Cristiana Joanico, Mariana Oliveira, Daniela Torres, Catarina Henriques, Joana Gaspar, Joana Vieira e Joana Abreu são as jovens atletas da equipa.“Não acho que o futebol seja um desporto reservado apenas aos homens, as mulheres também têm direito a jogar”, defende Daniela Torres, de 17 anos. Ao seu lado Bárbara Silva, de 16 anos, partilha da opinião e recorda que desde pequena se sentiu fascinada pelo futebol. “É um desporto do qual gosto muito. Na escola comecei a jogar com os rapazes, eles nunca se preocuparam em ter uma jogadora no meio deles. Acho que até jogava melhor que alguns rapazes”, conta com um sorriso a O MIRANTE.Apesar da força de vontade e garra de vencer a equipa tem ainda de lidar com a pressão da sociedade. “Sente-se um pouco a discriminação. Hoje em dia ainda há muita gente que pensa que as raparigas não podem jogar à bola e que não sabem jogar. É um pensamento errado que não encontra expressão no panorama desportivo nacional, porque estão a surgir cada vez mais equipas femininas no calendário. Só gostava que a população de Aveiras viesse mais ao pavilhão ver os jogos e torcer pela equipa porque elas merecem”, refere Selma Cruz, treinadora.“Treinar raparigas não é muito diferente de treinar rapazes. Temos de jogar com um leque variado de factores, como os problemas que cada jovem vive na escola, as complicações familiares e pessoais e sabermos estar disponíveis para as apoiar. Esta é uma boa equipa, disciplinada, que nos obedece. Respeitam-nos e têm trabalhado bem este ano”, adianta a técnica.Para Selma Cruz, as únicas diferenças entre rapazes e raparigas têm a ver com o acatar das ordens. “Eles pensam que sabem tudo e as raparigas não, estão sempre a aprender. Em contrapartida os rapazes são mais lutadores, mostram mais garra em frente à baliza e elas não. Ainda têm muito medo de rematar”, ironiza.Actualmente faz parte desta equipa a atleta Catarina Henriques, que tem sido uma das convocadas da selecção nacional de sub-19. Para Pedro Duarte, treinador das guarda-redes, “dá-me mais prazer treinar raparigas por serem mais compreensivas, obedientes e esforçadas que os rapazes. Elas têm mais gosto em aprender”. Para o coordenador desportivo da Casa do Povo de Aveiras de Cima, Carlos Santos, o futsal feminino é importante para estimular a prática desportiva na freguesia. “É fundamental ajudar a promover o desporto em Aveiras de Cima, existem muitos jovens na vila que podem praticar desporto e têm grandes margens para evoluir”, refere, lamentando a falta de apoios. “É muito dificil suportar tudo isto, os apoios são poucos, mesmo do governo central. Os poucos apoios que temos são de empresas aqui da zona”, lamenta.Na presente época o líder do campeonato é o Benfica com 56 pontos, seguido da Quinta dos Lombos e do Povoense (da Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira), ambas com 44 pontos. Actualmente os treinos da equipa de Aveiras realizam-se à segunda, terça e quinta-feira das 20h00 às 21h30. Todas as interessadas, que deverão ser menores de 18 anos, podem aparecer e inscrever-se na equipa.