“Sr. Veiga, faço-lhe a entrega da coroa para que, para o ano, voltemos a ter a nossa festa”. A tradição repete-se de quatro em quatro anos na aldeia da Azinhaga (Golegã). No domingo de Pentecostes, a população sai para a rua e, em procissão, acompanha o juiz da última Festa do Espírito Santo até casa do novo juiz, passando-lhe o testemunho para que comece a preparar a Festa do Bodo que se realiza no ano seguinte, também no domingo de Pentecostes. Cumprindo este ritual, Vítor Guia, que acumulou a função de presidente de Junta de Freguesia da Azinhaga com a de juiz da última festa do Bodo, entregou a coroa, símbolo do Espírito Santo, a Manuel Tavares Veiga, proprietário da Quinta da Brôa. O momento foi presenciado por dezenas de pessoas no passado domingo, 23 de Maio, marcava o relógio perto das 19h00. Duas horas antes, a coroa de prata saiu repousada numa almofada vermelha da pequena capela do Espírito Santo em direcção à igreja matriz, ficando depositada no altar enquanto decorreu a missa dominical. Seguiu-se a procissão até à Quinta da Brôa, a cerca de um quilómetro e meio de distância. A banda da Sociedade de Recreio Musical Azinhaguense 1.º de Dezembro acompanhou a passada. “A festa só consegue sobreviver se continuarmos a dar as mãos como fizemos até aqui”, disse Vítor Guia que, na sua última intervenção como juiz, aproveitou para agradecer o empenho de todos na última festa. Já o novo juiz, Manuel Veiga, agradeceu à Azinhaga a confiança nele depositada. “ É uma grande honra para mim. Quero agradecer a todas as entidades oficiais presentes, aos senhores padres das paróquias vizinhas e, muito em especial, ao senhor padre António Júlio que nos ajudou imenso e quis fazer neste domingo de Pentecostes uma grande festa na Quinta da Brôa”. A festa da entrega da coroa terminou com um repasto ao ar livre para toda a população. Como, mais uma vez, manda a tradição. Elsa Ribeiro Gonçalves