Foram todos de férias e deixaram-me aqui sozinho. Não me lamento desde que não avarie o ar condicionado e até compreendo que tenha que ficar sempre alguém para tomar conta do periquito, do gato e para regar as plantas. O frigorífico está atestado de cerveja e de comida para meter no micro-ondas. Estou tão feliz como o Presidente da câmara de Ferreira do Zêzere que foi pôr a família à praia e regressou de imediato ao seu posto com a desculpa que havia fogo. Espero que a mulher não se lembre que ele não é bombeiro. Aliás, ele já tinha adiado a entrada em férias alegando que tinha que estar na câmara para receber os manifestantes que lá iam protestar contra a falta de água. Ora aqui está um autarca dedicado. Dedicado e masoquista. Quem é que escolhe ficar com as orelhas a arder quando pode estar à beira-mar a ver passar biquinis mais o que transborda deles. Só mesmo o companheiro Jacinto Lopes, um verdadeiro homem com H grande que até usa Lopes no fim, em vez do seu verdadeiro apelido que é Flores. Este é cá dos nossos, Serafim!!! Deus o conserve com muita saúde e o afaste de lugares mal frequentados como praias, spas e ilhas exóticas. O exemplo acima de tudo. Como pode ele atrair turistas para Ferreira do Zêzere indo passar férias a outros lados??!!!Mas nem toda a gente é como nós e como o dedicado presidente Lopes. Os manifestantes contra o encerramento da ponde sobre o Tejo entre Praia do Ribatejo e Constância, deram à sola. Meteram a viola no saco e foram para férias. Depois admiram-se se quando voltarem nem sequer tiverem ponte para mandar reabrir. Quem não anda de férias são os bombeiros. E é muito salutar que assim seja. Nesta altura do ano é um descanso. Começam os fogos florestais e acabam as guerrinhas nos quartéis. Não há abaixo-assinados contra o comandante. Não há guerra entre o comando e a Direcção. Não há trocas de mimos entre os do Sindicato e os presidentes. Só é pena que em alguns lados já não toque a sirene. Tenho saudades daquela adrenalina. Carros de bombeiros a passar todos os limites de velocidade e sinais vermelhos. Cães a uivar, mães a gritar pelos filhos que andava a brincar no jardim. Voluntários em cuecas brancas e peúgas pretas, montados nas bicicletas dos vizinhos, a tentarem apanhar o auto-tanque em andamento. O presidente da câmara da Chamusca liberalizou totalmente o comércio. Deixa vender nas ruas e onde as pessoas quiserem. E o povo fica feliz com o que se passa. O marcado é soturno, fresco, está sempre na penumbra. Na Chamusca pode dizer-se que o povo saiu à rua com a alegria que costumava ter. É a nossa costela marroquina a vir ao de cima. Quem é que resiste a estacionar à beira da estrada para comprar um melão? Quem é que resiste a comer uma fartura ou um cachorrão num rulóte no meio de uma nuvem de poeira? Quem não protesta contra o fim das minis e das sandes de coirato à porta dos estádios de futebol? Por falar nisso. Vai uma bejéka??!!! Bora lá!!!Manuel Serra d’Aire