Georgina, 27 anos, Liliana, 30, e Mónica, 36. Vieram da Roménia e da Ucrânia para trabalhar na campanha do tomate deste verão nos campos de Azambuja. São poucas as palavras que reconhecem em Português. O suficiente para acenarem com a cabeça quando se lhes pergunta se o trabalho é duro. Mais difícil que suportar as 12 horas de jorna é aguentar o sol e o pó que abunda na lezíria. Todas têm filhos. Emigraram para amealhar um pé-de-meia. O objectivo é regressar à terra natal assim que possível. Moram em Azambuja. O rendimento não é mau. Manuel Baptista, 52 anos, o seareiro de Benfica do Ribatejo que explora os 45 hectares à beira Tejo, na lezíria de Azambuja, explica com orgulho que consegue pagar-lhes um bom dinheiro. Mesmo assim muitos portugueses fogem de trabalhos ao sol. Com as horas pagas em dias longos de Verão no final do mês há quem leve 1300 euros para casa. O trabalho é desgastante, mas o patrão acompanha o ritmo ali ao lado. Ao contrário das mulheres de olhos e pele clara que traz a trabalhar, Manuel Baptista já está habituado à vida no campo. Começou cedo com o pai e acabou por seguir-lhe as pegadas. “Nasci numa grade de tomate”, diz a brincar. Já lá vai o tempo em que as mulheres ganhavam ao dia a apanhar tomate. Hoje a maior parte do trabalho é feito pela máquina. Há um toldo que protege do sol enquanto um rio vermelho de frutos corre para o tractor. As mulheres concentram-se no trabalho de tirar a rama enquanto o tapete roda a alta velocidade. Um outro grupo de mulheres, no meio do campo, vai recolhendo os plásticos agrícolas. Às vezes a máquina pára e as mulheres apeiam-se para apanhar o tomate, nas pontas, à mão, tal como antigamente. Um trabalho diferente, numa terra distante. Ana Santiago