
Realojamento de famílias ciganas isola maioria PSD na decisão de avançar com obras no bairro do Flecheiro
Vereadores do PS e Independentes receiam que as pessoas ainda estejam no local quando se iniciarem os trabalhos
Unanimidade quanto à importância da obra e divergências quanto ao melhor momento para a sua execução. O problema daquela zona de Tomar arrasta-se há quarenta anos.
A adjudicação da “Empreitada de arranjos exteriores e arruamentos no Flecheiro e mercado – 3ª fase” foi aprovada pelo executivo da câmara de Tomar, com três votos favoráveis do Partido Social Democrata (PSD) que lidera a autarquia. Os vereadores do grupo “Independentes por Tomar”, Pedro Marques e Graça Costa e o do Partido Socialista (PS), Luís Ferreira, optaram pela abstenção. O vereador socialista José Vitorino não participou na reunião por se encontrar de férias. A abstenção dos elementos da oposição foi determinada por dúvidas quanto ao realojamento das famílias de etnia cigana que vivem no local. “É possível resolver a situação de precariedade das famílias de etnia cigana em tempo útil e conjugar com o avanço da obra candidatada para aquela área. Se adiássemos tudo isto, estaríamos a condenar aquelas pessoas a ficar nas mesmas condições indefinidamente”, defendeu o presidente da câmara, Corvêlo de Sousa (PSD), mas a declaração não convenceu.O vereador Pedro Marques (Independentes) esclareceu que “nada tem contra o projecto em si” mas contra a eventualidade de existirem conflitos. “Se as pessoas ainda estiverem lá quando as obras começarem, em vez de termos um problema temos dois: com as famílias e com o empreiteiro a quem foi adjudicada a obra. Por isso, julgamos esta decisão extemporânea”, realçou. Luís Ferreira (PS) fez uma declaração semelhante. Segundo ele “é importante que a empreitada siga em frente porque representa um ganho significativo para a cidade e para o concelho”, mas tem dúvidas relativamente às soluções já discutidas para realojar a comunidade de etnia cigana e “sérias dificuldades em entender como é que as duas situações podem ser compatibilizadas”.O projecto transitou da Sociedade TomarPolis para o Departamento de Obras Municipais e a empreitada tem um preço base 2 milhões e 659 mil euros e um prazo de execução de 270 dias. O MIRANTE apurou ainda que a 26 de Maio, a autarquia celebrou um contrato com a Proplano - Gabinete de Estudos e Projectos, Lda no sentido desta proceder à revisão do projecto dos arranjos exteriores e arruamentos que estava projectado para o Flecheiro, um estudo que vai custar 6.450euros. Deste modo, depois da construção da nova ponte e concluídos os arranjos exteriores na zona da igreja de Santa Maria do Olival, está tudo a postos para que prossigam as obras no Flecheiro, nomeadamente na zona onde se encontram várias habitações abarracadas onde moram, há mais de 40 anos, numerosas famílias de etnia cigana. O assunto não estava incluído na ordem de trabalho da reunião de 2 de Agosto, tendo sido acrescentado, no final da reunião, pelo presidente da Câmara de Tomar, Corvêlo de Sousa (PSD) devido à urgência em avançar com uma obra que foi candidatada a fundos comunitários e também para resolver uma situação que se arrasta há 40 anos. Refira-se que na reunião de 22 de Julho, o executivo municipal aprovou, por maioria, proceder à alteração ao Plano Director Municipal (PDM) na zona industrial de Tomar de modo a possibilitar nesta área a construção de fogos a custos controlados. O objectivo desta medida, que se encontra neste momento em discussão pública, passa precisamente por realojar a comunidade cigana do Bairro do Flecheiro.

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