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Atletas treinam com zero graus no Inverno e chove dentro do pavilhão

Atletas treinam com zero graus no Inverno e chove dentro do pavilhão

Apesar das adversidades, Clube de Trampolins de Salvaterra é “fábrica” de produção de campeões

A falta de manutenção é responsável pela degradação do pavilhão, que resultou da adaptação de uma antiga fábrica metalúrgica.

Encostado a uma das paredes laterais um escorrega velho conduz a água que entra no interior do pavilhão para um balde que vai sendo despejado à medida que enche. No Inverno a temperatura ambiente ronda os zero graus. São estas as condições com que os atletas do Clube de Trampolins de Salvaterra têm que se confrontar diariamente durante os treinos.O pavilhão – uma antiga fábrica metalúrgica (MetalMagos) que mais tarde serviu de arrecadação da câmara – foi recuperado pela autarquia local e cedido ao Clube de Trampolins de Salvaterra de Magos em 1994. O problema é que a falta de manutenção do espaço levou à sua degradação. Outro dos problemas com que os atletas se debatem é a falta de espaço para correrem. Os cerca de 350 metros quadrados do pavilhão estão ocupados com colchões e trampolins. A solução, na opinião dos responsáveis do clube, passaria por deitar abaixo uma parede branca que divide o espaço de treino e uma zona de arrecadação do município. “Se a câmara tirasse as coisas velhas que tem do outro lado e partisse a parede podíamos utilizar aquela zona para correr. Ficávamos muito melhor servidos”, explica Carlos Matias acrescentando que muitas equipas aproveitam o bom equipamento do clube de Salvaterra de Magos para treinar.Recentemente, o treinador e alguns membros da direcção arriscaram a própria vida e subiram ao telhado para consertar os buracos que deixam entrar a chuva. “Só conseguimos de um dos lados. O outro é mais alto e não conseguimos lá chegar. A autarquia não arrisca colocar lá os seus funcionários por isso nós temos que arriscar porque não podemos estragar o equipamento que é muito caro”, explica Carlos Matias.Fábrica de produção de campeõesApesar das contrariedades, o clube é uma “fábrica de produção” de campeões nacionais, europeus e mundiais em trampolins. No último fim-de-semana de Setembro, as atletas Ana Gomes (duplo mini trampolim e trampolim individual) e Sara Freitas (duplo mini trampolim) arrecadaram o primeiro e segundo lugar, respectivamente, na Loulé Cup 2010. A prova, que se realizou no pavilhão desportivo municipal de Loulé (Algarve), está integrada no plano de preparação para o Campeonato do Mundo que se realiza em Novembro, em Metz (França).O treinador Carlos Matias apelida os jovens de heróis e explica porquê. “Eles não são ginastas, são heróis porque competem com miúdos da idade deles que treinam em centros de estágios, que acordam de manhã para treinar e à tarde voltam a treinar. Só fazem praticamente isto. Estes miúdos às 08h30 da manhã já estão na escola e às 18h30 estão aqui a treinar até às 22h00, com chuva e muito frio no Inverno. Muitas vezes andam com os pés molhados porque pisam a água que cai da chuva. Apesar das condições adversas conseguem títulos. São guerreiros. De vez em quando paro o treino para eles se aplaudirem mutuamente porque merecem”, salienta.Os responsáveis do clube garantem que é raro o fim-de-semana em que não são assaltados. O portão velho não permite a colocação de cadeado e os larápios aproveitam para entrar durante a noite. “O pavilhão está numa zona de pinhal, onde à noite não passa ninguém. Precisávamos de ter uma televisão para os atletas visionarem e estudarem pormenores dos treinos, mas não é possível. Tivemos uma mas roubaram-na logo. Não podemos trazer nada de valor que levam tudo”, explica a presidente do clube, Michelle Soares.Objectivo é marcar presença nos Jogos Olímpicos do Rio de JaneiroO próximo objectivo do Clube de Trampolins de Salvaterra é ter um ginasta olímpico embora tenham consciência que é um objectivo “difícil”. “É uma participação muito limitada porque só são apurados os doze melhores atletas do campeonato do mundo. O objectivo de muitos dos ginastas deste clube é participarem nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Vamos continuar a lutar com a nossa determinação e querer para tentarmos alcançar o nosso objectivo”, conclui Carlos Matias.
Atletas treinam com zero graus no Inverno e chove dentro do pavilhão

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