Estacionamento é problema de todos os dias que se agrava durante a feira
Populares e empresários deixam sugestões para melhorar a festa
A falta de estacionamento é a grande lacuna apontada a Vila Franca de Xira. A situação agrava-se durante a Feira de Outubro, mas não é por isso que os aficionados deixam de sentar-se nas tranqueiras para ver as largadas, de visitar o salão de artesanato ou petiscar um pouco por todo o recinto.
Largadas de toiros tornaram-se rotineirasElizabete Gusnioc, 37 anos, domésticaA pronúncia de Elizabete Gusnioc, 37 anos, denuncia a nacionalidade estrangeira. A romena, a viver em Povos há oito anos, visita sempre a Feira de Outubro. “Nos primeiros anos, como não conhecia as largadas de toiros, fiquei muito entusiasmada, mas com o tempo essa atracção tornou-se rotineira”, confessa para logo depois acrescentar que os “toiros são muito fraquinhos”. O toiro depressa sai do ângulo de visão e são muitos os períodos mortos que a levam a desistir de acompanhar o espectáculo. Não deixa de defender a tradição portuguesa com a mesma garra que defende as tradições da sua terra. É com mais entusiasmo que fala do Salão de Artesanato, onde vai conhecer produtos de várias regiões do país que a acolheu. Festas espalhadas pelo concelho dispersam públicoLuís Peralta, 35 anos, gerente comercialA falta de estacionamento em Vila Franca de Xira afasta muitos populares da Feira de Outubro. Quem o diz é Luís Peralta, 35 anos. O gerente comercial, residente em Vila Franca de Xira, considera que todas as iniciativas alusivas à festa brava que foram sendo criadas à volta da cidade, nas freguesias circundantes, vão dispersando o público. “Quem vai a um evento no primeiro domingo do mês provavelmente já não vai ao segundo”, ilustra. Mais lugares de estacionamento adequados à Feira de Outubro precisam-se de maneira a trazer mais público à iniciativa. Luís Peralta, que cresceu no ambiente da festa brava, não perde uma largada de toiros e a visita ao Salão de Artesanato é obrigatória todos os anos. As multas afastam ainda mais o povoCarlos Delgado, 46 anos, serralheiroÉ no meio de ferros de soldar que se encontra Carlos Delgado, 46 anos, morador em Vialonga. Foi à Feira de Outubro no fim-de-semana e não gostou de ver os polícias a passar multas: “Vila Franca de Xira não tem estacionamento que chegue para toda a gente. Se as feiras já estão a começar a desaparecer e se os polícias multam deixamos de lá ir. Há situações em que se deveria fechar os olhos. As pessoas vão meter os carros onde?”. O salão de artesanato não tem a melhor localização na sua opinião. “Não há onde deixar os carros, a saída do comboio fica longe e os autocarros são limitados. Pode-se caminhar, mas as pessoas mais velhas têm dificuldade”, opina. Às largadas de toiros não liga muito, mas acha que é uma tradição importante e se deve manter. Alargar as ruas das largadas de toirosJosé Garcia, 39 anos, desempregadoÉ com um sorriso que José Garcia, 39 anos, conta que adora beber uma ginjinha nas barraquinhas que circundam o salão de artesanato. Mora no Bom Retiro e vive na região há 33 anos. Só falhou a Feira de Outubro quando os toiros passaram a ser embolados, mas depois a paixão falou mais alto e José Garcia regressou. “Temos festa, alegria, corridas de toiros e à noitinha a feira do artesanato”. O que é preciso então? “Alargar as ruas onde os toiros são largados e prolongar o horário do salão de artesanato”, sugere. Não concorda que os toiros sejam mais mansos, como se ouve pelas ruas da cidade: “No domingo assisti a uma largada incrível e os dois toiros pareciam bisontes autênticos”, testemunha.Em dias de festas só os autocarros deviam circular Carlos Antunes, 38 anos, cabeleireiroCarlos Antunes, 38 anos, mergulhou no ambiente da Feira de Outubro nos últimos cinco anos, embora more em Vila Franca de Xira há apenas três. “Todos os anos visito a feira. O que mais gosto é das largadas de toiros. Também vou à feira de artesanato e aos comes e bebes”, conta a O MIRANTE. Carlos Antunes acha que a feira é bem organizada, mas aponta a falta de estacionamento como um dos grandes problemas. “O trânsito ainda se agrava mais nestes dias. Nestas alturas o estacionamento deveria ser feito fora da cidade só sendo permitido o uso de transportes públicos cá dentro”. O cabeleireiro gosta do ambiente da festa e considera que os ribatejanos são “simpáticos e autênticos”. E por isso não tem dúvidas de que a tradição é para continuar. Estacionamento é problema diário da cidadeCarlos Amendoeira, 53 anos, mecânicoA falta de estacionamento é um problema de todos os dias em Vila Franca de Xira que se agrava em alturas de festa, diz Carlos Amendoeira, 53 anos, mecânico a residir nos Casais da Lagoa, Azambuja. Uma deslocação à feira também custa sempre algum dinheiro: “Quatro pessoas gastam pelo menos uns 100 euros, com o combustível e a comida”, conclui o mecânico. Há muito tempo que quer comprar na feira de artesanato uma peça que faz muita falta: um alambique. Em época de crise a compra terá de ficar para o próximo ano. A feira vai sobrevivendo apesar dos mais novos terem outros apelos. Apesar disso há jovens fiéis às tradições. É o caso do neto, de oito anos, desejoso de se tornar forcado. Carlos Amendoeira garante que o vai pôr à prova.
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