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Uma mulher empreendedora que faz negócios “na hora”

Uma mulher empreendedora que faz negócios “na hora”

Maria João Contente é proprietária do pronto-a-comer Patachoca e empresária desde os 18 anos

A tendência para o negócio notou-se desde cedo em Maria João Contente. O que metesse na cabeça era para levar por diante.

Trabalhava na loja de tintas do marido e muitas vezes comia apenas uma sandes, um bolo ou uma sopa à hora de almoço. Pensou para consigo que era má qualidade alimentar e matutou de imediato que seria boa altura para abrir um pronto-a-comer que servisse comida caseira, rápida e barata. Dito e feito. Deixou de fazer a contabilidade da loja, de misturar as cores e aventurou-se entre tachos e panelas sem ter qualquer experiência no ramo. A 20 de Abril de 2008 pensava no projecto e a 2 de Junho estava a abrir o pronto-a-comer. A tendência para o negócio notou-se desde cedo em Maria João Contente. O que metesse na cabeça era para levar por diante. Foi o que aconteceu com 17 ou 18 anos, quando pensou em ter uma loja de flores. “Quis ter o meu próprio dinheiro, sempre fui muito ambiciosa, queria ter sempre mais”, conta a empresária. Maria João Contente tirou o 12.º ano do curso profissional de agricultura e chegou a frequentar a Escola Superior Agrária de Santarém mas deixou o curso pelo caminho. Pensou que a agricultura não ia dar dinheiro e foi em frente com o negócio de florista. Pediu na altura 300 contos ao banco e abriu a loja na Golegã, onde nasceu. O negócio durou 12 anos, até que Maria João foi para Santarém.A rotina diária da empresária tem uma palavra comum: acção. Na Patachoca, na rua do Colégio Militar, perto das Finanças de Santarém, o dia começa cedo. Maria João levanta-se às 07h30 para ir pôr os dois filhos na escola. Já no estabelecimento confecciona todas as sobremesas. Cheesecake, arroz doce, mousse de chocolate, doce da casa, todas as guloseimas são feitas por Maria João Contente. Todos os dias, à média de 100, porque é rara a ocasião em que sobra alguma para o dia seguinte. Ainda ajuda a fazer o almoço e as saladas frias. Enquanto o tempo passa e não passa são 11h30. Pelo meio Maria João fuma um cigarro e bebe um café para descontrair. Os primeiros clientes começam a chegar perto do meio-dia. A azáfama é grande e ninguém pára até às três da tarde. Os clientes repetem as mesas três vezes. Preferem os pratos típicos portugueses e regionais. Feijoada à transmontana, dobrada com feijão branco, cozido à portuguesa, mão de vaca com grão, moelas, bacalhau. Chegam de todos os serviços e lojas em redor mas também de longe, como Torres Novas ou Riachos. Um bocadinho antes das 15h00, Maria João Contente vai para a rua tratar dos serviços relativos aos bancos e contabilidade. É já perto das 16h00, na companhia das restantes funcionárias, que todas se juntam para almoçar. Fala-se de tudo menos de trabalho. Mais dos maridos e dos namorados.O ritmo abranda nessa hora mas não pára. É tempo de preparar as mesas para o jantar e também a comida que se fornece para fora, seja domicílios, empresas ou entidades. Pelo meio, começam a cair os vendedores no estabelecimento. Querem vender peixe, carne, frutas, legumes, bebidas, águas, pão, bolos. Ao final da tarde, Maria João Contente vai buscar os filhos à escola e leva-os para as diferentes actividades, seja a natação, o inglês, a explicação, a pintura. Deixa o estabelecimento por volta das 20h30-21h00 e é já em casa que vê com mais calma as facturas e ordena documentos. Ao final da noite não dispensa estar um pouco na internet a conversar com amigos. Maria João Contente costuma dizer que em dois anos e meio de pronto-a-comer já trabalhou o mesmo que em cinco anos mas não está arrependida da opção feita. “Estou satisfeita. Os clientes enchem-nos a casa três vezes ao almoço e têm gostado de nós. Até já recebi muitas flores quando completámos dois anos de actividade. Temos clientes fixos, muito fiéis, como um grupo de senhoras que diariamente está na esplanada, e outro vindos de fora”, refere.Com tanto tempo consumido com o estabelecimento, os momentos livres de Maria João Contente servem para descomprimir. “Aproveito para ir ao ginásio ou para ler Danielle Steel e Paulo Coelho quando tenho tempo”, revela. Nascida no dia da República, há 38 anos, Maria João Contente não descarta voltar a estudar e um destes dias ingressar no curso de engenharia alimentar. Foi convidada para integrar uma sociedade de um novo espaço de café na cidade mas não aceitou e confessa que não se vê a fazer de gerente de restaurante a vida inteira.
Uma mulher empreendedora que faz negócios “na hora”

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