Jorge Humberto Guardado
39 anos, médico cardiologista, Riachos
Nasceu a 30 de Setembro de 1971 em Riachos, Torres Novas. Pensou em ser futebolista profissional e até chegou a jogar pela Académica de Coimbra mas acabou por tornar-se médico, tirando a especialidade em Cardiologia. A semana é dividida entre a margem sul de Lisboa e a sua terra natal, onde transformou uma clínica familiar no moderno Centro Clínico “Ucardio – Unidade Cardiovascular” que abriu em Abril no centro da vila. Solteiro, gosta de desafios e foge da monotonia. Neste momento, a medicina é uma paixão, que abraça a tempo inteiro.
Sou médico mas, desde pequeno, que ambicionava ter uma carreira como futebolista profissional. Não só equacionei essa possibilidade como cheguei a fazer parte do percurso. Frequentei os clubes de futebol locais e com 16 anos fui captado para os júniores da Académica de Coimbra. Foi isso, e não o curso de medicina, que me levou a ir para Coimbra. Penso que este aspecto contribuiu de forma importante para a decisão futura da carreira que hoje tenho.Passei toda a minha infância e juventude em Riachos, embora tenha feito o liceu em Torres Novas. Fiz o ciclo preparatório e o 7.º ano de escolaridade no Colégio Andrade Corvo e depois frequentei a Escola Secundária Maria de Lamas até concluir o 12.º ano. Realizei as provas específicas e a prova geral de acesso à Faculdade, já em Coimbra, no Verão de 1989. Nessa altura ainda não sabia se ingressava ou não na faculdade.Não tinha uma ambição específica por frequentar um curso em particular. Na altura em que tive que optar coloquei opções tão heterogéneas como Medicina, Economia, Engenharia Electrotécnica e até Farmácia. Gosto muito de Física e Matemática e tenho pena de ter abandonado essa área. O raciocínio analítico perde-se com o tempo se não se exercita. A medicina obriga a quatro coisas importantes: capacidade de memória, raciocínio, pragmatismo e bom senso.A Cardiologia muda o prognóstico vital. Não há preço que pague isto. Gosto muito daquilo que faço e empenho-me bastante em fazer as coisas o melhor possível. Abraço a minha profissão com muito sacrifício mas com um muito gosto pessoal. Não é um amor inicial mas um amor feito de tempo.Um médico deve fazer a diferença. Tinha 22 anos e estava no 4.º ano de faculdade quando deixei o futebol. A faculdade era muito exigente e percebi que tinha que me preparar como deve ser para uma carreira futura. Foi uma decisão que tomei sem influência apesar de trocar algumas opiniões com os meus pais. Acabei o curso com 24 anos, fiz mais dois anos de internato geral e só mais tarde, aos 29 anos, optei pela especialidade de cardiologia.A cardiologia é estimulante. Dentro da cardiologia existem várias áreas e dediquei-me a uma área que é a cardiologia de intervenção. Reporta-se ao tratamento das doenças cardíacas que implicam risco de vida do paciente. Com a actuação de uma equipa médica, consegue-se inverter um prognóstico desfavorável para um favorável. Faço intervenções, por exemplo, ao nível da doença coronária obstrutiva (aterosclerótica) que em Portugal é uma das maiores causas de morte.Estou metade da semana em Riachos e a outra metade na margem sul de Lisboa. Em 2001 abri um consultório familiar junto à casa dos meus avós e vinha a Riachos com uma frequência semanal. Mais para ver a família e atender algumas pessoas que conhecia desde miúdo. O consultório foi crescendo lentamente até abrir a clínica Ucardio em Abril de 2010. Em Lisboa tenho acesso ao que de melhor, em cardiologia, se faz no país. Em Riachos estou perto das minhas origens.Tenho o telemóvel sempre ligado. Como tenho que fazer procedimentos urgentes de intervenção posso ser contactado a qualquer hora. É normal que me liguem às quatro, cinco da manhã. Nas férias só desligo quando vou para fora do país. Aproveito alguns congressos a que assisto também para períodos de descanso da actividade clínica assistencial.Estou a “full-time” no trabalho. Tenho a actividade hospitalar e privada organizada de tal forma que não me sobra tempo disponível. Tenho um ou dois fins-de-semana por mês. Aproveito para estar com os amigos e família e tento desfrutar desse tempo com a maior qualidade possível. Gosto de cinema, lazer, leitura. Gosto de cozinhar e até acho que tenho jeito mas o tempo para praticar não existe. Tenho semanas em que passo as 90 horas de trabalho pelo que o tempo que sobra é para descansar.Não gosto de monotonia. Sou frequentador, como espectador, dos eventos da terra. Vou à Festa da Bênção do Gado e trago amigos a Riachos nessa altura. E à Feira de Frutos Secos de Torres Novas e ao Festival de Gastronomia de Santarém. Sou um amante da gastronomia portuguesa. Não tenho um lema de vida mas sim alguns princípios que sigo na minha actividade: fazer o melhor possível, na melhor consciência, sendo ao mesmo tempo humilde e eficaz.Elsa Ribeiro Gonçalves
Mais Notícias
A carregar...