O actor do musical de Filipe La Féria que vive no Vale do Paraíso
Tiago Isidro é maestro, actor e director vocal de dois espectáculos de Filipe La Féria
O actor e director musical de “O Sítio do Picapau Amarelo” e director vocal e maestro de “Um Violino no telhado”, espectáculos de Filipe La Féria, vive na aldeia do Vale do Paraíso, concelho de Azambuja. Cumprimentar 50 pessoas sempre que vai tomar um café é um tónico diz o artista que cresceu em Alverca.
Tiago Isidro, 34 anos, passeia pelas ruas de Vale do Paraíso, concelho de Azambuja, e vai cumprimentando toda a gente, sem excepção. “Todos os meus amigos sabem que sou de Vale do Paraíso. Faço questão de o dizer. Gosto de cá viver, é uma aldeia maravilhosa, pacata, civilizada, limpa, onde se respira tranquilidade e as pessoas se conhecem bem”, começa por dizer. Tiago Isidro é neste momento actor e director vocal do musical “O Sítio do Picapau Amarelo” e director vocal e maestro de “Um Violino no Telhado”, duas produções de Filipe La Féria que estão em cena no Teatro Politeama, em Lisboa. Todos os dias vai para a capital e regressa à noite a Vale do Paraíso, onde reside há 10 anos. Passou a infância e a juventude a morar em Alverca do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira. “Fui uma das primeiras crianças a frequentar o colégio Cebi, uma instituição que me marcou muito. Alverca é que me criou desde miúdo, proporcionando-me formação musical nas escolas pequenas que existiam na altura”. Mas era no Vale do Paraíso que passava os fins-de-semana, onde tinha a família: “Vale do Paraíso era sempre para o lazer, para me divertir e sair com os meus amigos. Quando tinha de estudar regressava a Alverca”. Lembra-se das “brincadeiras tradicionais” que costumava ter com os amigos: “Sou do tempo em que se construía os próprios brinquedos. Ia para uma garagem com os meus amigos construir carros e tractores de rolamentos. Até para jogar hóquei em patins, construíamos os sticks com pregos e tábuas”. Os primos que andavam na Banda Filarmónica de Vale do Paraíso puxavam-no para a música na brincadeira, o que se veio a revelar importante para a carreira musical que iria seguir. Tiago Isidro tanto pode trabalhar durante seis meses intensivamente, como pode estar depois com um mês de férias que aproveita para estar mais com os amigos e o filho Tomé, de três anos. “Infelizmente, sou um pai ausente. Tento compensar todo o tempo livre com o meu filho”.No meio do concelho de Azambuja que considera “inerte a nível cultural”, Vale do Paraíso é uma terra que, na opinião do músico, tem o “bichinho da cultura”. “Vale do Paraíso é uma aldeia dinâmica e associativa. Numa terra tão pequena é de louvar a qualidade do rancho folclórico, da banda filarmónica, e de uma associação desportiva com diversas actividades recreativas”. Tiago Isidro também aponta alguns pontos negativos à terra onde mora: “Temos o problema da população envelhecida e de ser uma terra pequena que não se expande. Os jovens que cá moram querem sair porque acham que assim se vão libertar. Mas depois, quando se vêem numa apartamento de uma grande cidade, onde não conhecem um único vizinho, querem regressar novamente a estas barreiras que acabam por ser confortáveis”, diz. “Sempre que vou tomar um café cumprimento umas 50 pessoas que encontro na rua. Isto é um tónico para o resto do dia”, conclui. De Alverca para os espectáculos do Filipe La Féria“Nunca pensei na música como uma carreira a seguir”, conta Tiago Isidro que iniciou a sua formação musical em Alverca do Ribatejo aos seis anos. Foi com a banda de bares The Foll’s, no Vale do Paraíso, que o bichinho da música despertou. Em 1993, por não existir vaga para o curso de viola, na Academia de Amadores de Música matriculou-se em canto lírico. “Sabia que tinha alguma voz, mas não sabia que tinha uma voz para cantar a sério”. Ingressou na Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa, em 1994, concorrendo no mesmo ano às provas de admissão para coralista do Teatro Nacional de São Carlos. É com 17 anos que se estreia na ópera “Les troyens de Berlioz” ao lado de cantores de renome internacional. Continuou os estudos no conservatório e posteriormente na Escola Superior de Música, fazendo simultaneamente Ópera no Teatro Nacional de São Carlos. “Um dia recebi um telefonema, com uma voz rouca a perguntar-me se eu queria substituir o actor Carlos Quintas, no musical “Amália”. Não acreditei que era o Filipe La Féria que me estava a ligar”, conta a rir-se. Estreou no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, com “Amália”, percorrendo depois o país de norte a sul durante dois anos com o espectáculo. Participou depois numa série de musicais do Filipe La Féria, como “My Fair Lady” ou “Jesus Cristo Super Star”. Para além de alguns trabalhos na televisão como actor, foi júri e professor de cantores nos bastidores de programas musicais como “Nasci para cantar” ou “Operação Triunfo”. “A minha carreira surgiu quase por acaso, mas evoluiu com muito trabalho, responsabilidade e aprendizagem pelo meio”.
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