Escola de Futebol de Tomar continua envolta em polémica
Jorge Lopes abandonou a presidência da Comissão Administrativa porque diz que é honesto demais para andar naquele meio
A Escola de Futebol de Tomar continua a gerar polémica. Há mais de sessenta mil euros desaparecidos, as direcções ou comissões administrativas entram e saem sem resolver o problema. O último presidente a abandonar o cargo foi Jorge Lopes que se diz honesto demais para andar naquele meio.
Jorge Lopes aceitou, há pouco mais de um ano, presidir à Comissão Administrativa da Escola de Futebol de Tomar a pedido dos pais da maioria dos jovens jogadores das equipas do clube. Na altura sabia que haviam problemas com as contas e com dívidas acumuladas. “Nunca esperei é que as coisas estivessem tão más”, garantiu.“Quando entrei para a direcção foi com vontade de trabalhar e durante o ano e pouco em que lá estive fiz um trabalho eficaz, diminuí em muito as dívidas que iam aparecendo quase diariamente”, diz Jorge LopesMas o dirigente tentou por todos os meios saber por onde é que anda uma verba de mais de sessenta mil euros que anda desaparecida há alguns anos e sentiu-se frustrado porque chocou sempre com uma parede de silêncios e “recados mais ou menos velados, para não fazer grandes ondas”. “Comecei a aperceber-me de que havia alguma coisa por trás disto tudo que me fizeram avançar para a demissão. Não quero ser conivente com a situação”, garantiu.À pergunta de O MIRANTE de porque é que até agora o caso do desaparecimento do dinheiro não chegou ao Ministério Público, Jorge Lopes é claro e peremptório. “Não chegou porque quando alguém decidiu avançar o processo ficou retido numa gaveta de um advogado. Mas toda a gente sabe onde está o dinheiro. Eu não vou nomear nomes. Avisaram-me para eu não avançar porque iria mexer num autêntico vespeiro. Há muita gente envolvida e alguns nomes fortes na cidade”. “Tive mesmo que parar e sair da presidência. Tenho uma casa aberta e preciso dos clientes”, disse.“Mas continuo a dizer que se o dinheiro voltasse para a escola colocaria a instituição numa boa situação financeira. Ao menos pagassem isso em vez de meterem o dinheiro ao bolso. Agora se o dinheiro foi dividido por vários não sei. Mas é o que me leva a crer”, referiu Jorge Lopes.Jorge Lopes garante que a Escola de Futebol de Tomar lhe está no coração. Acredita que tem futuro, mas é preciso trabalhar como ele e mais dois ou três elementos da Comissão Administrativa faziam. “Discutíamos os problemas, tentávamos arranjar formas de os resolver, chagávamos a um conclusão e avançávamos, mas no fim eram sempre os mesmos dois ou três a avançar e a trabalhar”, garantiu.“Fizemos muita coisa, resolvemos muitos problemas, pagámos a dívida às finanças, eu e alguns companheiros fizemos a festa da sardinha, onde fomos buscar verbas importantes, mas o trabalho era muito e já estava a prejudicar a minha vida pessoal e profissional, não podia continuar assim”, referiu com tristeza.Mesmo assim a comissão directiva avançou com algumas medidas de organização. Organizou o ficheiro de sócios, “obrigando” que o pai de cada um dos jovens futebolistas fosse sócio e sócio pagante. “Quando ali chegámos sócios pagantes eram zero”. “Existem cerca de noventa sócios que se dizem fundadores, com grandes nomes da cidade, nenhum deles pagava quotas, isto é ser amigo da escola?”.A Escola de Futebol de Tomar foi gestora durante vários anos de Programas Integrados de Educação e Formação – PIEF. “Nessa altura havia muito dinheiro. Não posso estar a alargar-me muito nessa situação. Mas houve muita gente a abotoar-se na escola. Fui lá encontrar pessoas a “ganhar” muito dinheiro sem fazer quase nada”, referiu Jorge Lopes.Quando colocou este problema e pediu ajuda poucos apareceram. “Apareceram o Rui Costa e o senhor Boavida, que se colocaram à disposição para que se fosse preciso irem a tribunal dizer o que sabem. Porque a pessoa que terá o dinheiro, terá dito numa reunião de direcção que tinha o dinheiro numa conta à parte. Eu não percebo porque é que já esteve tanta gente com nome e força no panorama social da cidade e nunca se predispuseram a resolver o problema. Não era eu com uma casa aberta que o podia fazer”, disse o dirigente.Segundo Jorge Lopes, vai realizar-se uma assembleia para se eleger uma direcção, mas o dirigente não acredita que se vá falar muito no assunto do dinheiro. “Já foi perguntado ao presidente, numa outra assembleia e ele recusou esclarecer ou debater o assunto. Por isso não acredito que isso aconteça agora. Deixei de ser dirigente, mas não deixei de ser sócio, vou continuar atento ao que se passa”, garantiu.No momento em que deixou a presidência da escola, Jorge Lopes garante que ninguém que trabalha com os jovens ganha alguma coisa. “Mas lamento que um director executivo do tempo dos PIEF tenha colocado uma acção a exigir uma indemnização de mais de 3.500 euros para ele e 1.500 euros para a mulher, que saíram depois desses programas terem acabado”.Para que a escola regresse ao bom caminho, Jorge Lopes garante que é preciso uma injecção de honestidade, e que apareça alguém com vontade e disponibilidade de avançar com o esclarecimento da situação financeira. “Ou ter coragem de acabar com a actual e formar outra escola limpa de problemas e de desconfianças”.
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