Matadores espanhóis e portugueses juntaram-se numa tenta em Vila Franca
Iniciativa foi organizada pelo Clube Taurino Vilafranquense
Dois matadores de toiros – um espanhol e um português – juntaram-se numa tenta em Vila Franca de Xira e foram desafiados pelo O MIRANTE a falar do que de melhor tem a festa dos dois países. Em Espanha matam-se os toiros, mas é Portugal que reúne mais público nas praças. Os dois países só se igualam na pureza, força, brio e raça dos toiros.
As praças de toiros espanholas têm perdido público a um ritmo preocupante, mas em Portugal a tendência é contrária e a festa continua a chamar mais espectadores. Quem o diz são dois matadores de toiros que na tarde de sexta-feira, 26 de Novembro, participaram numa tenta organizada pelo Clube Taurino Vilafranquense no cabo de Vila Franca de Xira.Frente a frente estiveram Serafín Marín, matador catalão e Nuno Casquinha (filho), matador português, em substituíção de Vitor Mendes, que não pôde estar presente por ter ficado retido num aeroporto. Antes de lidarem seis novilhas da ganadaria de Nuno Casquinha os dois matadores foram desafiados pelo Jornal O MIRANTE a falar sobre o que de melhor existe nos dois países.“Creio que a maior diferença está no facto de em Portugal não se poder matar o animal, como acontece em Espanha. E isso dá mais liberdade ao artista de encerrar a prova como quiser. A raça do toiro é semelhante. São ambos de sangue muito puro. Penso que a tourada mais tradicional é a espanhola, foi lá que nasceu o toureio, mas em Portugal também existe o toureio a cavalo que é único”, reconhece Serafín Marín. Este catalão de 27 anos, natural de Barcelona, começou nas lides do toureio aos 14 anos e matou o seu primeiro toiro aos 20 anos. “Das poucas vezes que actuei em Portugal senti muita aficion. Nota-se que as pessoas vibram com a tourada. Em Espanha a aficion é mais antiga, tem outro significado, é mais cultural, embora as praças estejam a perder algum público”, lamenta.Para Nuno Casquinha a festa espanhola é mais completa que a portuguesa. “Em Espanha há a sorte de varas e a sorte de montar e aqui não existe isso. A festa é um pouco amputada. Sentimo-nos mais toureiros em Espanha do que cá porque podemos exercer a nossa profissão”, explica referindo-se ao facto do toiro não poder morrer na arena.Ainda assim a festa portuguesa leva vantagem. “Em Espanha houve um grande decréscimo do público que assistia às corridas, especialmente nos “pueblos”. E por cá andamos sempre nos mesmos espectadores, não temos perdido público e creio que no Campo Pequeno, uma das nossas maiores praças, a afluência este ano até foi superior aos outros anos”, ilustra. Nuno Casquinha começou a tourear há 10 anos e matou recentemente o seu primeiro toiro. Começou na escola da Moita, depois passou por Vila Franca de Xira e Madrid.Enquanto a dupla de matadores parece chegar a um consenso sobre o que de melhor existe em ambos os países, Serafín aproveita para tecer um elogio a Vila Franca. “É uma cidade muito bonita, o povo é muito simpático e respira-se aficion. Do que vi de Vila Franca gostei muito”, conclui.A tenta, realizada no cabo de Vila Franca de Xira, contou também com a participação dos alunos da Escola de Toureio José Falcão. O gerente, José Manuel Rainho, é da opinião de que toureio há só um. “Nem à espanhola nem à portuguesa. Para mim toureiro há só um. É óbvio que Espanha é a pátria do toureio a pé e os nossos alunos têm que emigrar para serem matadores de toiros porque aqui em Portugal não se podem matar os animais”, lamenta. José Rainho destaca o último matador que saiu da escola, António João Ferreira, e o novilheiro, Manuel Dias Gomes.“A escola neste momento está bem. Foi um ano de transição com a entrada do maestro Vitor Mendes. Estamos a trabalhar para que seja melhor. Temos 15 alunos bastante jovens, alguns apareceram na mesma altura que o maestro, em Abril. Alguns nem sabiam o que era um capote e uma muleta e neste momento já fazem toureio de salão. Para o ano queremos melhorar e sacar um ou outro miúdo que apareca com ganas e raça de ser toureiro”, diz entusiasmado.
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