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Número de famílias que pediu ajuda à Deco manteve-se em 2010

Registou-se um aumento da procura por parte de pessoas com mais rendimentos

Com a crise que se arrasta desde 2008, os portugueses começam a estar “mais conscientes do valor do dinheiro” e reflexo disso são os dados que indicam que a taxa de poupança tem vindo a aumentar.

O número de famílias sobreendividadas que recorreu à associação de defesa do consumidor Deco em 2010 (2837) foi semelhante ao do ano anterior (2812). O que mudou foi o facto de serem famílias com maiores rendimentos a pedirem ajuda.“Os dados não têm grandes alterações em relação a 2009. O que constatámos foi uma pequena mudança relacionada com o rendimento das famílias”, disse à agência Lusa Natália Nunes, responsável do Gabinete de Apoio ao Sobreendividado (GAS) da Deco.Segundo Natália Nunes, as famílias que pediram ajuda em 2010 tinham rendimentos superiores àquelas que solicitaram auxílio no ano anterior. “O peso das famílias que têm menores rendimentos diminuiu em 2010”, frisou.Dados do GAS indicam que em 2008 a maioria das famílias (42,4 por cento) que pediu auxílio tinha rendimentos de 500 a 1.000 euros, número que desceu em 2009 (40,1 por cento) e em 2010 (32,7 por cento). No entanto, foi aumentando paulatinamente o número de pedidos de ajuda de famílias com rendimentos superiores a 1.000 euros e até mais de 4.500 euros. Em 2010, 17.372 famílias pediram auxílio à associação, contra 16.726 em 2009 e 8.758 em 2008, mas apenas foram abertos 2.837 processos.Os dados da Deco indicam que as causas que estão na origem das dificuldades económicas se mantêm, com o desemprego (32,4 por cento) a liderar, seguindo-se problemas de saúde (21,1 por cento) e a deterioração das condições laborais (18,2 por cento). Outras razões apontadas pelas famílias são as alterações no agregado familiar (10,5 por cento) e o agravamento do custo de crédito (4,2 por cento). A perspectiva da Deco no início do ano passado era de que 2010 fosse bastante diferente de 2009 e que houvesse um aumento significativo de pedidos de ajuda. Mas isso não se verificou, porque a taxa Euribor se manteve baixa e não afectou a prestação do crédito à habitação, explicou Natália Nunes. Por outro lado, acrescentou, “durante o ano de 2010 esteve em vigor a moratória que permitiu às famílias que estavam em situação de desemprego e que tinham crédito à habitação beneficiarem de uma redução de 50 por cento do valor da prestação”.No entanto, a Deco antevê para este ano um aumento “muito significativo” do número de famílias em situação de dificuldade, devido à taxa de desemprego se manter elevada e existir instabilidade profissional.Irá haver também “um aumento generalizado do preço dos produtos e dos serviços, uma diminuição salarial, existe a previsão da Euribor começar a subir e isso irá afectar a prestação do crédito à habitação, que tem um grande peso dentro do orçamento das famílias”, observou.Questionada pela Lusa sobre se os portugueses estão mais responsáveis, Natália Faria afirmou que, “infelizmente, ainda existe muita falta de literacia financeira e falta de conhecimento dos produtos financeiros e da gestão do orçamento familiar”.No entanto, com a crise que se arrasta desde 2008, os portugueses começam a estar “mais conscientes do valor do dinheiro” e reflexo disso são os dados do Banco de Portugal, que indicam que a taxa de poupança tem vindo a aumentar.

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