Gosto de experiências radicais e aquela que foi feita em Mação, de ensinar a cozinhar como os pré-históricos foi de mestre. Só foi pena aquilo ter sido feito por arqueólogos. Com tanto cro-magnom que há por aí era de esperar que a coisa fosse entregue a quem ainda está na idade da pedra lascada. Um dia destes vi uma elegante pré-histórica sair de uma churrasqueira em plena cidade de Santarém, onde devia ter ido comprar costeletas de dinossauro com batatas de pacote, entrar no carro que tinha deixado estacionado em segunda fila, à maneira de uma rematada neandertal e pôr-se a atirar todo o lixo que tinha lá dentro para a rua. Foi um instante enquanto fez um monturo maior que o dos concheiros de Muge. Com uma rapariga assim a recriação do ambiente do paleolítico inferior em Mação tinha sido um sucesso.Ainda por cima aquilo em Mação meteu guarda-chuvas para não deixar apagar as fogueiras, que tinham sido ateadas com recurso a isqueiros e pão cozido em forno eléctrico. Só faltou mesmo descongelar a sopa num micro ondas para ter acontecido ali uma catástrofe semelhante à que fez desaparecer os mamutes da face da terra. É por estas e por outras que eu já nem me dou ao trabalho de ir a estas iniciativas. É tudo falsificado. O ano passado, no Verão, ainda fui a um workshop de canibalismo. Paguei cem euros de inscrição e saí de lá a barafustar. Pedi o livro de reclamações e tudo. Afinal não podíamos comer ninguém. Muito menos as apetitosas assistentes que nos recebiam à entrada. Só lá estava um gajo qualquer a passar slides. Fui roubado! Nunca mais me apanham.A novela da luta contra a pobreza em Alpiarça ainda mexe. É à mexicana. Primeiro gastaram o dinheiro a pagar bons ordenados aos técnicos que íam dar combate ao flagelo social. Agora andam a ver se ressuscitam o projecto porque deve haver mais técnicos disponíveis para acabar com a pobreza. Quanto aos pobres ninguém quer saber deles. Nem sequer os jornalistas. Se calhar nem há pobres, vais ver!!Fiquei a saber que a CP arranjou um novo sistema de financiamento. Mete em tribunal as famílias das pessoas que são atropeladas pelos comboios. Desta vez conseguiu dez mil euros. Nada mau. Mas eu compreendo a CP. Está a zelar pelos interesses dos passageiros. Já viste o transtorno que é um comboio chegar atrasado, logo num país como Portugal em que os comboios, como sabes, é raríssimo chegarem atrasados… raríssimo mesmo.Saúdo com imensa alegria a intervenção da ASAE em Santarém por causa do parque de estacionamento pago. Tardaram mas chegaram. Ao fim de 15 anos a darmos moedinhas aos arrumadores sem ninguém que verificasse a legalidade da situação, chegaram os nossos salvadores. Acabou-se a tirania dos malfadados moedinhas. Viva a ASAE, viva!!E com esta me vou para deixar espaço para a moçoila que vai ilustrar a prosa desta semana. E se ouvires para aí alguma história de um defunto chamado Manuel que se mexeu no caixão não te admires porque há mulheres por quem eu sou capaz de voltar à vida quantas vezes for preciso.Manuel Marialva Latino da Serra d’Aire