Valadores, classe profissional que conquistou ao Tejo e ao Sorraia a Lezíria Grande de Vila Franca, assim como os mouchões. Homens que tudo fizeram, não sei há quantos séculos, sem máquinas, só com os seus braços e a sua pequena pá que fazia de tudo, baldeava terra, fazia de prumo, nível e régua, só uma peça era uma caixa de ferramenta completa. Classe trabalhadora que está completamente esquecida nesta terra.Ainda há alguns valadores, já velhotes, em Vila Franca. É claro que não foram estes que conquistaram as Lezírias, mas foram estes e tantos outros que já partiram, que as conservaram antes da chegada das máquinas.Valar era um trabalho duro tanto na reparação dos valados como na limpeza das valas, que também foram abertas pelos valadores. Na Lezíria há grandes valas como a da Caneija, a da Arriaga, a do Infante, a do Marcães e outras feitas pela mão do homem e depois por eles conservadas.Muitos trabalhadores, masculinos e femininos, trabalhavam nas Lezírias. Mas quando dos grandes invernos se o Tejo ameaçava invadi-las, todo o gado era retirado para a charneca e os trabalhadores de outros serviços regressavam à vila. Os valadores e os ranchos de mulheres e adolescentes que acarretavam terra para cima dos valados para sua conservação esses não saíam das Lezírias, aguentavam em cima dos valados até o Tejo os arrombar e a Lezíria ficar debaixo de água. Depois é que mandavam lá os barcos irem buscá-los.Estes trabalhadores estão completamente esquecidos nesta terra, mas ninguém pode negar que os valadores fazem parte da história da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira.Manuel Ribeiro