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João “Parafuso” Nalha é o guardião do cine-teatro

João “Parafuso” Nalha é o guardião do cine-teatro

Quem conhece cantos e recantos do cine-teatro da Chamusca é o senhor Parafuso. Na noite de entrega dos prémios Personalidade do Ano, de O MIRANTE, dia 17, foi ele que abriu a sala por cuja conservação zela. João Nalha, nascido a 29 de Setembro de 1948. “Maluquinho por máquinas” desde tenra idade, ganhou a alcunha na oficina do padrinho de casamento, Manuel José Nalha, onde começou como aprendiz.O cine-teatro pertence à Santa Casa da Misericórdia. O senhor João não trabalha para a meritória instituição nem faz parte da mesma. É voluntário há mais de 42 anos. Voluntário à moda antiga, entenda-se. Daqueles que não são pagos, que agora há por aí outro tipo de voluntários. “Nunca me deram dinheiro por este trabalho e eu também não o aceitaria”, esclarece.Durante a cerimónia de O MIRANTE o senhor João Parafuso supervisionou as operações. O filho João Carlos tratou das luzes. O amigo e colega do filho, Carlos Guita, tratou do som. Trabalho de cinco estrelas. “O cine-teatro já teve duas remodelações. Inicialmente levava 800 pessoas. Agora os lugares sentados são apenas 303. Uma das paredes dos corredores está toda rabiscada. João Nalha não gosta. E gosta menos dos artistas da peça de teatro que por lá tem tido algumas representações, que vão fumar para os camarins. “É proibido fumar aqui mas eles fazem orelhas moucas”. Uma questão de má educação, poderia ter acrescentado. Saído da escola primária o menino João, filho de Isidro Estevão e Carmina Nalha, foi raspar ervas das ruas e fazer outros trabalhos no campo. O padrinho, Alberto da Farmácia ainda o meteu a moço de recados mas ele não se fixou. Podia ter agora a alcunha de Comprimido mas é Parafuso, com muita honra. Aos 16 anos já arranjava motas, tractores, carros e todas as máquinas que lhe fossem parar às mãos. No cine-teatro foi e ainda é projeccionista. E também fez trabalhos de sonoplastia. Toda a vida lidou com máquinas e ainda lida no patrão, Amaral Netto onde está desde 1965 sem uma falta ao serviço. Diz que numa fábrica de descasque de arroz chegou a lidar com 42 ao mesmo tempo. Transportadores, elevadores, desbarbadores, bandejas, secadores. Arranja tudo que seja mecânico. O próximo Parafuso do cine-teatro da Chamusca é o filho do senhor Parafuso, João Carlos, electricista e tudo o mais que é preciso, que filho de peixe sabe nadar. Se calhar nem vai ter alcunha de parafuso mas de circuito integrado, ou coisa que o valha. Começou a ir para lá com o pai aos 16 anos. Agora tem trinta. A irmã Ana não está no ramo da mecânica ou da electricidade. A passagem do testemunho pode estar para breve porque João Parafuso Nalha sonha com a reforma. “Gosto do trabalho mas já estou cansado de cumprir horários”. A pequena vinha que tem no senhor do Bonfim, espera pela sua dedicação exclusiva. E as máquinas para fazer o vinho também.
João “Parafuso” Nalha é o guardião do cine-teatro

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