Mário Bento começou cedo a pegar numa pressão de ar. “Aos nove anos ia com o meu pai e outros amigos caçar uns estorninhos para fazer uns petiscos, e de vez enquanto deixavam-me dar uns tiritos, foi aí que me comecei a entusiasmar”, diz.Mais tarde comprou a sua primeira “Flaubert” uma pressão de ar que não é considerada arma de fogo, e começou a participar em torneios em feiras e festas na região, participou no primeiro torneio quando tinha 12 anos. “Tinha um certo jeito e ganhei muitos torneios”, refere.Esta vertente de tiro desportivo é praticada com armas de ar comprimido, com chumbos individuais e com alvos fixos colocados a 10 metros de distância. “É muito fácil organizar torneios deste desporto, a maior dificuldade prende-se com o espaço para a sua prática. Já tentei formar um grupo aqui em Abrantes, pedi um espaço à câmara, mas infelizmente não obtive qualquer resposta”, disse com resignação.Para praticar a modalidade Mário Bento já esteve ligado a uma equipa do distrito da Guarda, e agora está filiado no CCD de São Vicente, uma aldeia perto de Beja, que tem uma das melhores equipas de tiro ao alvo filiadas no Inatel. “É a única hipótese de praticar a modalidade, sai um pouco caro devido às deslocações, mas faço tiro por gosto e quem corre por gosto não cansa”, referiu.Mário Bento nunca foi caçador, nem gosta de caça, não foi militar. “Gostava de ter sido militar porque gostava de experimentar atirar com outro género de armas. Mas na altura não fui chamado para a tropa. Só sei o que é atirar com a pressão de ar, o que não me deixa insatisfeito. Gosto do tiro como gosto de mim mesmo”, garante.Neste momento disputa o Campeonato Distrital de Portalegre do Inatel de Tiro ao Alvo. “É uma prova que apura para o Campeonato Nacional, sou atirador no CCD de São Vicente que tem uma das melhores equipas a nível nacional, já vencemos várias vezes o campeonato nacional”, disse Mário Bento.E não se pense que vencer um nacional é tarefa fácil, junta equipas de todo o país, ilhas incluídas. “São várias centenas de atiradores e muitos deles exímios a atirar. Na minha equipa temos dois atiradores que raramente falham um tiro, e isso ajuda-nos muito a conseguir chegar aos títulos distrital e nacional”, garantiu.O distrital é dividido em três categorias, a primeira que integra todos os atiradores que no ano anterior atingiram uma pontuação média de 272 pontos. Segunda os atiradores que façam a média de 260 pontos. Terceira todos os atiradores que não atingiram as médias para subir e os novos atiradores que se filiarem nesse ano. “Não é fácil chegar-se ao topo no distrito de Portalegre, são muitos os atiradores que lutam por isso”, diz Mário Bento.Mário Bento que garante ainda não ter perdido a esperança de conseguir formar um clube de tiro ao alvo em Abrantes. “Só preciso que me arranjem um espaço com 14 metros de comprimento e pelo menos seis de largura, porque do resto trato eu depois”, disse acrescentando que o tiro ao alvo é uma boa forma de ajudar a vencer o stress e ajudar ao autocontrolo.