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O campeão mundial de aves que já foi forcado no grupo de Vila Franca de Xira

Olavo Cabaço nasceu em Vila Franca de Xira e é criador federado de pássaros

Foi um livro sobre pássaros que lhe abriu as portas, em criança, para uma paixão que ainda hoje acalenta. As visitas às lojas da especialidade eram regulares para adquirir novas espécies. Actualmente dispõe de 75 casais que competem nos campeonatos mundiais. O objectivo é conseguir os exemplares o mais próximo possível dos padrões das raças estipulados pelas organizações dos campeonatos.

Ao subir as estreitas e inclinadas escadas do número 173, na rua Miguel Bombarda, no centro de Vila Franca de Xira, ouve-se um forte chilrear dos pássaros que dificulta qualquer tipo de conversação. São cerca de centena e meia de aves, 75 casais, que Olavo Cabaço cria em conjunto com o irmão Rui David Cabaço. Olavo Cabaço, 27 anos, é criador federado de aves há cerca de cinco anos e já conquistou dois títulos mundiais e um terceiro lugar em campeonatos do mundo. Em 2010 venceu o primeiro lugar por equipas, com castanhos-brancos, no mundial de Matosinhos, em Portugal. No mesmo ano, em Reggio Emília, Itália, conquistou o primeiro lugar individual com um feo amarelo mosaico. Com a mesma raça, mas na categoria de equipas, alcançou o segundo lugar. Em 2011, em Turse, França, conquistou o terceiro lugar individual com um feo amarelo mosaico.A paixão por pássaros começou em criança quando Olavo Cabaço gostava de ir à loja comprar pássaros. Em casa tinha um livro com centenas de raças de aves e queria ter os pássaros que via no livro. “Encontrei no livro uma raça, chamada canários lagartos, e fiquei fascinado com a sua beleza. Quando encontrei essa raça na loja tive que comprar. Depois fui ‘devorando’ o livro e tentava encontrar as raças na loja de aves e a paixão pelos pássaros foi crescendo”, conta a O MIRANTE. A paixão era tal que passou o bichinho ao irmão mais velho, Rui Cabaço.Esta é a altura de maior trabalho para os criadores de aves: a fase de acasalamento. E não se pense que esta é tarefa fácil. Aliás este é o processo decisivo que pode decidir os vencedores dos campeonatos nacionais e mundiais. Durante a fase de acasalamento as aves deixam as gaiolas grandes e são colocados em gaiolas mais pequenas, dois a dois. O objectivo é obter exemplares o mais próximo possível dos padrões das raças estipulados pelas organizações dos campeonatos. “O mais bonito e interessante da criação de aves é conseguir juntar os casais ‘certos’ para que as crias possam nascer o mais ‘perfeito’ possível de acordo com os padrões das entidades reguladoras dos concursos.Este é um hobbie dispendioso e que necessita de tempo. Olavo Cabaço todos os dias muda a água das dezenas de gaiolas que possui. A comida é trocada de três em três dias. Quando estava a trabalhar ficava sempre três horas, depois do horário de trabalho, a tratar dos pássaros. Agora que está desempregado, há cerca de um mês, tem mais tempo livre para o fazer. Mas este é um ritual que Olavo Cabaço não dispensa. “Enquanto estou aqui a tratar dos pássaros não penso em mais nada. É uma excelente forma de descomprimir do stress do dia-a-dia”, confessa.Olavo Cabaço pertenceu ao Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca de Xira durante nove anos. Uma lesão mais grave, da qual nunca recuperou a cem por cento, fê-lo abandonar outra das suas grandes paixões. “As lesões prejudicavam-me com o trabalho e decidi que o mais sensato seria deixar o grupo. Mas foi uma decisão que me custou muito”, explica. O ex-forcado conta a O MIRANTE que continua a acompanhar o grupo nas corridas e que, durante as pegas, sente uma vontade “enorme” de saltar para dentro da arena e ajudar os antigos companheiros que continuam a ser seus amigos.

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