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Maria da Glória Alves

62 anos, secretária reformada, Vila Franca de Xira

“Eu sempre fui habituada a poupar. Para mim a crise nada muda. Se para o almoço fazemos bacalhau ou cozido ao jantar aproveitam-se as sobras e fazem-se uns pastelinhos de bacalhau. Costuma dizer-se que quem guarda acha. Se temos umas calças giríssimas à boca de sino podemos adaptá-las aos novos tempos com uma costura a direito. A mim é uma coisa que me dá prazer fazer. Seja em tempo de crise ou não”.

Já se pode falar em igualdade entre homens e mulheres?Não... Ainda há que penar muito até que assim seja. Mesmo assim a situação está melhor. Eu, por exemplo, não tenho razões de queixa porque sempre tive direitos iguais mas sei que isso não acontece com todas as mulheres. Não sei se a culpa será apenas da sociedade ou também um pouco delas. Acho que é dos dois lados. É preciso lutar por aquilo que se quer. Já não digo as mulheres mais velhas que eu. Era-lhes difícil. Agora muitas mulheres da minha idade não lutaram porque não quiseram maçar-se. Acomodavam-se. O ideal, a determinada altura, era que a mulher estivesse em casa. Não fui educada para ficar em casa. Fui educada para trabalhar. Em tempos de crise tem poupado mais?Quem é que tem medo da crise? Quem nunca soube fazer uma vida normal... Não se trata de poupar ou esbanjar. Fazer uma vida normal... Eu sempre fui habituada a poupar. Para mim a crise nada muda. Se para o almoço fazemos bacalhau ou cozido ao jantar aproveitam-se as sobras e fazem-se uns pastelinhos de bacalhau. Costuma dizer-se que quem guarda acha. Se temos umas calças giríssimas à boca de sino podemos adaptá-las aos novos tempos com uma costura a direito. A mim é uma coisa que me dá prazer fazer. Seja em tempo de crise ou não.Preocupa-se com a aparência?Preocupo-me em estar bem. Como nem sempre consigo estar bem quando isso acontece marco uma consulta com a minha médica. Digo-lhe: “preciso de a ver”. Chego lá converso, pergunto, respondo, irrito-me e choro com ela. E ela aconselha-me: “Cuide de si para poder cuidar dos outros. Vá para a ginástica, por exemplo”. Aquela consulta é uma terapia para mim (risos). Os amigos são os melhores psicólogos?Para mim são. Nunca fui ao psicológo. Os psicólogos são os meus amigos. Desabafo e falo do que quero. Acho que não há nada melhor do que ter amigos sinceros. Uma mulher e um homem podem ser amigos?Eu acredito sinceramente que sim. Se o homem e a mulher estiverem bem em todos os aspectos não há nada que passe dali. Um abraço do marido não é o abraço de um amigo.Costuma ler poesia?Já li alguma coisa. Sobretudo Sophia de Mello Breyner Andresen. Quando frequentava o ciclo preparatório uma professora de Francês falou-me de um autor que tive curiosidade de conhecer na altura: Sebastião da Gama. Tinha falecido há alguns anos. Leio pouca poesia mas gosto. Volto-me mais para a prosa. Gosto de coisas leves. Tenho agora à mesa de cabeceira “A Cabana”, de William Young.

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