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Não tem filhos mas recebe prendas no Dia da Mãe

Rosete Galego é uma ama do Centro Paroquial de Almeirim

Vai fazer 19 anos que Rosete Galego começou a trabalhar como ama de crianças e como nunca conseguiu engravidar vê nos meninos de quem toma conta, os filhos que nunca teve.

Nunca conseguiu ter filhos e com o passar dos anos abandonou esse sonho. Acabou por dar aos filhos dos outros o amor e o carinho que tinha guardados para os seus. Rosete Galego é ama de crianças, vai fazer 19 anos em Dezembro. As dezenas de meninos e meninas que já passaram pela sala que tem em sua casa, decorada com bonecos e cheia de brinquedos, preenchem-lhe o vazio maternal. Aos 55 anos diz que é uma mulher feliz e realizada.A ama do Centro Paroquial de Almeirim oferece nos aniversários presentes às crianças de que toma conta durante todo o dia. É uma “mãe afectiva” que, não raras vezes, testemunha os primeiros passos dos bebés e que os ouve balbuciar as primeiras palavras. Não é de estranhar que, muitas vezes as verdadeiras mães dessas crianças lhe batam à porta com os seus meninos, para lhe entregar prendinhas e beijos. “Uma ama é uma segunda mãe. Afinal é connosco que os meninos passam a maior parte do tempo enquanto os pais estão a trabalhar”, diz. A sua cara irradia felicidade quando conta que muitas das dezenas de crianças de quem já tomou conta lhe chamam mãe. “Sinto que eles também são um bocadinho meus apesar de não os ter dado à luz”. Rosete sabe que não substitui as mães “verdadeiras” mas faz o melhor que sabe e pode para que os bebés se sintam amados e acarinhados quando elas estão ausentes. O apego que tem pelos seus meninos vem de gostar muito de crianças. E isso nota-se quando brinca com eles, quando os alimenta, veste e muda a fralda. “Não lhes digo para me chamarem mãe porque alguns pais podem não gostar, mas alguns chamam. Já me aconteceu estar no supermercado e um dos meninos estar ao colo da progenitora e começar a chamar-me mãe”. Conta que nunca tentou adoptar uma criança porque lhe ficou sempre marcado na memória o caso de uma criança adoptada na terra onde nasceu, Campelo, no distrito de Leiria. Era ainda jovem e ouvia o povo comentar depreciativamente que um casal tinha uma criança que não tinha gerado. O marido, José Galego, partilha o gosto pelas crianças. É ele que muitas vezes a ajuda a dar o comer a um outro menor dos quatro que recebe diariamente. Aos três anos as crianças têm que ir para o jardim-de-infância e já aconteceu José ter tantas saudades dos meninos que os vai lá ver. “Eles são os filhos que nunca tive”, diz Rosete enquanto agarra uma das crianças ao colo e lhe afaga a cabeça. “Darem-me prendas no Dia da Mãe é a melhor recompensa e o melhor agradecimento pelo amor que lhes tenho”, realça, garantindo que vai trabalhar até conseguir porque já não consegue viver sem o riso dos pequenos, sem as suas brincadeiras, sem o alarido de felicidade daqueles que tem à sua guarda um dia inteiro. “Quando temos formação dizem-nos sempre que não podemos pensar que os meninos são nossos, mas falar é fácil. Custa-me sempre vê-los partir para o jardim-de-infância. Fica sempre uma grande saudade de todos os que vão apesar de os seus lugares serem preenchidos por outros”, revela. Rosete Galego fala com emoção no espaço das crianças iluminado por uma grande janela que dá à sala colorida um ambiente acolhedor preparado para crianças a partir dos quatro meses de vida. Os primeiros meninos que recebeu “já são homens e mulheres”. Alguns reconhecem-na e cumprimentam-na na rua. Alguns já não a vão visitar porque seguiram as suas vidas, porque estudam longe, mas ainda há crianças que pedem aos pais para os levar a casa da ama Rosete para matarem saudades.Este ano o Dia da Mãe celebra-se a 1 de MaioO Dia da Mãe ou Dia das Mães era comemorado em Portugal, até há alguns anos, no dia 08 de Dezembro, mas passou a ser celebrado no 1º domingo de Maio em homenagem a Maria, mãe de Jesus. A data é uma homenagem a todas as mães e serve para reforçar e demonstrar o amor dos filhos pelas suas mães. O Dia da Mãe remonta às comemorações primaveris da Grécia Antiga, em honra de Rhea, mulher de Cronos e Mãe dos Deuses. Em Roma, as festas do Dia da Mãe eram dedicadas a Cybele, a Mãe dos Deuses romanos, e as cerimónias em sua homenagem começaram por volta de 250 anos antes do nascimento de Cristo.Quanto é doceQuanto é doce quanto é bomNo mundo encontrar alguémQue nos junte contra o peitoE a quem nós chamemos mãeVai-se a tristeza o desgostoPõe-se a um ponto na tormenta Quando a mãe nos dá um beijoQuando a mãe nos acalentaE embora seja ladrão Aquele que tenha mãe Lá tem no meio da luta Ternos afagos de alguémJosé Afonso

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