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Julgamento do caso do polícia desfigurado num acidente envolvendo comboios só recomeça em Setembro

Caso esteve parado nos últimos dois anos para uma peritagem que ficou concluída em Dezembro

Paulo Monteiro perdeu dois terços do rosto ao ser atingido por uma peça que se soltou de um comboio, perto da estação de Mato de Miranda, há mais de oito anos.

Uma peritagem requerida pelo Ministério Público, destinada a apurar as circunstâncias em que se deu o acidente em que ficou desfigurado um polícia está concluída desde Dezembro do ano passado mas o julgamento só será reatado em Setembro devido à agenda do juiz titular do processo e às férias judiciais. A vítima ficou desfigurada ao ser atingida por uma peça que se soltou de um comboio, perto da estação de Vale de Figueira.O juiz Duarte Silva decretou a urgência do processo e pretende, segundo despacho recente, ouvir a maior parte das 18 testemunhas no mês de Setembro tendo já marcado quatro audiências. O caso tem mais de oito anos. No dia 6 de Janeiro de 2003 o agente da PSP, Paulo Monteiro, deslocava-se de comboio, do Porto para Lisboa a fim de se apresentar ao serviço. Depois da estação de Mato de Miranda foi atingido no rosto por uma peça que se soltou de um comboio que se deslocava em sentido contrário. Desde essa altura já foi sujeito a mais de 30 intervenções cirúrgicas de reconstituição do rosto.A acusação refere que a peça tinha sido atada com um arame na estação de Santa Apolónia, em vez de ter sido reparada. O Ministério Público acrescenta que o inspector de tracção da estação de Santa Apolónia tinha sido informado pelo maquinista de uma avaria no freio e que ordenou ao chefe de equipa de material e ao operador que verificassem a situação. Estes optaram por prender a peça do sistema de freio com um arame. O superior hierárquico mandou integrar a unidade avariada no comboio 4415 com destino ao Entroncamento para ser reparada, mas antes da chegada ao destino deu-se o incidente. O Ministério Público apurou também que o maquinista do comboio 4415 circulava acima da velocidade permitida na altura em que a peça se soltou. Os actos do maquinista e dos outros três funcionários da CP foram considerados “imprudentes” pelo Ministério Público de Santarém, que foi quem requereu a peritagem.O julgamento já tinha sido adiado uma primeira vez em 12 de Dezembro de 2008 porque o tribunal ainda não tinha decidido sobre o pedido da vítima, entregue em 2007, para se constituir assistente e por se ter detectado, no início da sessão, que o agente da PSP não tinha sido notificado para estar presente. Os quatro arguidos respondem pelo crime de ofensa à integridade física por negligência grave.Tratamentos “extremamente dolorosos”As operações a que Paulo Monteiro tem sido submetido, algumas das quais numa clínica no Brasil, são “extremamente dolorosas”, segundo revelou em Janeiro de 2009 o seu advogado, Francisco Manuel Espinhaço. Acrescentando que o agente da PSP tem passado muito mal desde que aconteceu o acidente. Ele “está num processo de reencontro com a personalidade que tinha antes”, disse na altura. Numa das operações a que foi sujeito, retira-lhe uma costela para fazer um osso da face e um pedaço da orelha para reconstituir as cartilagens do nariz. Segundo a mesma fonte, os tratamentos e deslocações têm sido pagos pela CP.

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