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Detecção de cancro levou-o a descobrir vocação até então escondida

Detecção de cancro levou-o a descobrir vocação até então escondida

Alexandre Pereira modela raízes e mocas de eucaliptos, oliveiras e urdes

Os próximos projectos são a construção de porta-chaves também em madeira e tentar a entrada no Guinness Book.

Foi a descoberta de um cancro que levou Alexandre Pereira a descobrir uma vocação que até então esteve escondida. Desde Junho do ano passado, altura em que começou os tratamentos de quimioterapia, que Alexandre Pereira, 51 anos, cria objectos de arte através de raízes. Eucaliptos e oliveiras são as árvores que mais utiliza para dar asas à sua imaginação. Canalizador durante toda a vida, com a doença Alexandre Pereira foi obrigado a reformar-se. Sem conseguir estar parado foi durante uma tarde a limpar uma pequena propriedade que tem na tua terra natal, Glória do Ribatejo, concelho de Salvaterra de Magos, que descobriu o seu mais recente passatempo. Ao escavar descobriu as raízes dos eucaliptos e começou a esculpi-las até lhes dar forma.O resultado do primeiro ano de trabalho está exposto numa exposição no Centro de Interpretação e Educação Ambiental do Cais da Vala Salvaterra, patente até 27 de Maio. Ao todo já esculpiu cerca de seis centenas de objectos. Em Salvaterra estão expostas apenas 230 peças devido à falta de espaço. A primeira exposição realizou-se no Centro de Dia de Glória do Ribatejo onde Alexandre Pereira é voluntário.O antigo canalizador começou a ocupar o seu tempo a empalhar garrafões mas como estava debilitado as cordas faziam-lhe doer a mão. “Descobri as raízes das árvores e as mocas, apanhei-lhe o gosto e o bichinho começou a crescer e cada vez tenho mais vontade de fazer sempre mais”, explica a O MIRANTE enquanto mostra a sua exposição.Alexandre Pereira começa por ir buscar as árvores - a grande maioria eucaliptos - aos campos de Glória do Ribatejo. Leva-as para casa onde as descasca na sua garagem. “Corto o tamanho que acho ideal para depois criar consoante a minha imaginação”, diz. Depois de descascadas, as raízes ficam a secar num período que pode ir até duas semanas para não estalarem. Por fim são pintadas e ficam a secar num arame comprido colocado no sótão de sua casa.Para Alexandre Pereira a inspiração não tem dia nem hora marcada. Tanto pode estar um dia inteiro de volta de raízes e mocas de árvores como não fazer nada. Mas existem dias em que nem dá pelo tempo passar. “Às vezes esqueço-me de comer e como tenho diabetes tenho que tomar as refeições a horas certas”, conta. Este passatempo é uma verdadeira terapia para Alexandre Pereira. “Quando nos deparamos com um cancro passamos a ver a vida de outra forma. Não consegui ficar em casa sem fazer nada, apenas à espera das sessões de quimioterapia e este hobbie tirou-me do marasmo”, realça.Depois da exposição no Cais da Vala as suas obras seguem para a escola C+S de Marinhais e está prevista uma nova exposição durante as festas de Glória do Ribatejo em Agosto. Os próximos projectos são a construção de porta-chaves também em madeira e tentar a entrada no Guinness Book uma vez que Alexandre Pereira acredita que nunca se tenha realizado uma exposição semelhante.
Detecção de cancro levou-o a descobrir vocação até então escondida

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