uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Manter a tradição a todo o custo

Há comerciantes que optam por dar visibilidade aos seus negócios durante a Feira de Maio. Há outros, principalmente os da restauração, para quem a Feira significa um pouco mais de dinheiro em caixa. E há também aqueles que são obrigados a encerrar e a ceder o seu espaço de trabalho para amigos e familiares que querem ter um lugar privilegiado sobre o que se passa nas ruas. Para o público em geral a Feira deve manter sempre o mesmo figurino, embora alguns notem que a maneira de participar dos cidadãos se vai alterando.

Mário Simões, Consultor Imobiliário, 41 anos, Azambuja“Se alterarem formato da festa estragam”Para Mário Simões a tradicional Feira de Maio de Azambuja deve continuar com o mesmo formato. Largadas de toiros, sardinhada na sexta-feira e concerto no sábado à noite são a receita do sucesso. “A feira é um ex-libris para a vila na qual não devemos mexer. Se alterarmos estragamos o formato”, afirma.Consultor imobiliário da Remax Challenger de Azambuja, Mário Simões vai ter, à semelhança de outros anos, um stand no salão de exposições. Esta é uma forma de divulgação da empresa. “A feira não serve para fazermos negócios mas sim para trocarmos contactos. Durante os cinco dias de festas milhares de pessoas visitam Azambuja e tomam contacto com os imóveis que temos em lista”, realça.Mário Simões não é grande adepto de largadas. Prefere ver os toiros do lado de trás das tronqueiras. O facto de não ter nascido no Ribatejo influencia, na sua opinião, a sua falta de aficion. “Gosto mais do convívio com as pessoas e visitar as tertúlias”, diz.Luís Murta, comerciante, 40 anos, AzambujaFacturação aumenta nos dias de festaPara Luís Murta os cinco dias em que decorre a Feira de Maio são “muito” vantajosos para o seu negócio. Com um café/restaurante na rua principal da vila onde se realiza a festa são muitos os visitantes que entram no seu estabelecimento. “O volume de negócio aumenta sempre durante os dias de festa”, explica.O empresário do ramo da restauração opta por não ter stand no pavilhão de negócios devido à falta de tempo. “Eu já mal tenho tempo para estar aqui no café quanto mais ter um espaço na feira. Não compensa”, reflecte. Luís Murta costuma visitar a feira sobretudo para ver as novidades mas também para rever os amigos que não consegue ver com tanta frequência durante o ano inteiro e conviver.Como não cresceu em Azambuja, o empresário garante que não sente grande fascínio pela festa brava apesar de ver as largadas. Na sua opinião a festa deve manter-se no formato habitual sendo fiel às tradições.Rui Leitão, empregado balcão, 35 anos, AzambujaLargadas não se deviam realizar à hora do trabalhoNos dias da feira vende-se um pouco mais mas a loja onde Rui Leitão trabalha, Peças de Eleição, ligada ao ramo automóvel não ganha muito com a tradicional festa. A loja não vai estar representada em nenhum stand da feira porque, diz, não compensa. Durante as largadas de toiros têm vista privilegiada sobre o espectáculo uma vez que este se realiza à porta do estabelecimento onde trabalha.Amante da festa brava e das tradições Rui Leitão defende a continuidade da Feira de Maio em Azambuja. “Sempre me lembro desta feira e acho que devem fazer um esforço por preservar esta tradição tão antiga no concelho”, afirma. O empregado de balcão só lamenta que as largadas se realizem à hora do trabalho. “Não consigo ver tão bem como gostaria”, diz.Rui Leitão gosta de ver largadas mas não vai brincar. Há uns anos apanhou um susto em Alenquer que jurou para nunca mais. “Não fui colhido mas quase porque as pessoas colocam-se mesmo em cima das tronqueiras e depois quem está dentro do recinto quer fugir e não consegue”, alerta.Suzete Varino, 60 anos, Florista, Azambuja“Enquanto os toiros estão na rua estou em aflição”O que Suzete Varino menos gosta na Feira de Maio são as largadas de toiros. A florista não consegue esconder o medo ao ver os toiros na rua. As largadas passam à porta do seu estabelecimento e a florista conta que vê sempre muita gente nas tronqueiras. “Quem está dentro do recinto e quer fugir do toiro não tem como fazer porque as pessoas estão penduradas nas tronqueiras. Enquanto os toiros estão na rua estou sempre em aflição”, confessa.É o movimento e o colorido que a festa proporciona que Suzete Varino mais aprecia. Os cinco dias de festa servem para conviver com os amigos e rever conhecidos. A comerciante defende a preservação das tradições. “A maioria dos jovens desconhece como era a vida há cinquenta anos e é importante mostrarmos-lhes esse lado da nossa história”, afirma.Apesar de gostar muito da Feira de Maio Suzete tem noção que esta pouco contribui para o aumento de vendas do seu negócio. “As pessoas quando estão em crise financeira, como é o caso, cortam nas coisas mais supérfluas e, infelizmente, as flores são considerados como um bem supérfluo”, sublinha.Daniela Duarte, 31 anos, empregada de escritório, Casais da AlagoaTradições devem ser preservadas e mostrar aos jovens como se vivia antigamenteApesar de não ser muito aficionada Daniela Duarte considera que a vila de Azambuja deve continuar a preservar a tradição para mostrar aos mais jovens como se vivia antigamente. “Já existem muitas diferenças com a vida há trinta anos”, diz. Daniela Duarte costuma visitar a feira sobretudo ao fim-de-semana. Nesses dias aproveita para se divertir com os amigos. A empregada de escritório considera que também nas tasquinhas as pessoas estão mais individualistas. “Hoje ficam apenas numa tasquinha, normalmente na dos amigos ou conhecidos, e não saem dali durante os cinco dias. Antes as pessoas circulavam por todas as tasquinhas e não havia confusões. Acho que as pessoas estão mais individualistas”, defende.Funcionária da agência de seguros Gote, Daniela Duarte considera que a Feira de Maio serve apenas para dar a conhecer a empresa não sendo nestes dias de festa que fecham negócios. Daniela gosta de ver largadas mas não muito perto. A jovem defende as tradições e a continuidade desta festa considerada por muitos como uma festa castiça.Sandra Gomes, 33 anos, cabeleireira, Azambuja“Amigos invadem salão para assistirem às largadas das janelas”Quanto mais longe estiver de toiros e cavalos melhor para Sandra Gomes. A cabeleireira que tem pavor de toiros casou com um aficionado de gema que adora tudo o que esteja relacionado com a festa brava. As várias janelas do seu cabeleireiro situado na rua central onde se realizam as largadas são uma tentação para os amigos que vêm de Lisboa, propositadamente, para assistir ao espectáculo. “Na sexta-feira tenho que fechar o salão mais cedo porque os meus amigos e marido aparecem aí para assistir às largadas e para me sujarem o estabelecimento”, confessa entre risos.Desde que foi pai que o marido deixou de participar em largadas mas Sandra Gomes está sempre com o coração nas mãos por causa dos amigos. A cabeleireira não dispensa o concerto de sábado à noite e a sardinhada na noite anterior. “Gosto da luz e boa disposição que a feira apresenta durante dos dias em que se realiza”.

Mais Notícias

    A carregar...