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Nasceu para ser florista

Nasceu para ser florista

Alcinda Lobato tem loja aberta na Chamusca há cerca de 23 anos

O segredo para manter as flores bonitas é cuidar delas. Mudar a água, cortar o pé, tirar as folhas por baixo que já não estão boas. Alcinda Lobato confessa que fala diariamente com as flores e acredita que elas a ouvem.

Não tem nenhuma fotografia sua em criança que não esteja com flores na mão ou junto a elas. Alcinda Lobato tem 45 anos e é florista há cerca de 23 anos. Costuma dizer que nasceu para ser florista e não se imagina a ter outra profissão. Ainda tentou aprender a ser cabeleireira mas depressa descobriu que essa não era a sua vocação. O seu primeiro emprego foi numas estufas até que começou a trabalhar por conta própria. “Quando trabalhava nas estufas trazia restos de flores para casa que me davam. Eu aproveitava e fazia sempre arranjos para colocar no café dos meus pais, para enfeitar”, recorda a O MIRANTE.Natural do Pinheiro Grande, Alcinda Lobato vive na Golegã e desloca-se todos os dias para a Chamusca onde tem a sua loja à beira da Estrada Nacional 118, em frente à praça de toiros da vila. Há 16 anos decidiu começar a trabalhar por conta própria. Alcinda Lobato tem uma paixão “inexplicável” por flores. Um dia em que esteja sem contactar com elas já não fica bem. “A natureza faz parte de mim. Não concebo viver longe da natureza. Admiro-me como é que existem pessoas que saem daqui para longe para observarem paisagens e não se apercebem da beleza da natureza do concelho da Chamusca e do Ribatejo”, interroga-se.A florista abre a loja por volta das sete da manhã. Ao início chegava ao estabelecimento às nove mas percebeu que muitas das suas clientes, a maioria pessoas mais velhas, tinham dificuldade em andar na rua numa hora em que o sol está mais quente, no Verão. Por isso decidiu passar a abrir duas horas mais cedo. Como a loja fica a caminho do cemitério da vila as pessoas aproveitam para comprar umas flores logo ao início da manhã para embelezarem as campas dos entes queridos.A primeira coisa que faz é colocar as flores na rua e arrumar a loja para estar em condições dos clientes verem as flores para venda. Do lado esquerdo, nas prateleiras e no chão, as flores envasadas. Do lado oposto, dentro de expositores, estão as flores utilizadas sobretudo para arranjos. No dia da entrevista com O MIRANTE os expositores estavam bastante vazios devido aos pedidos de arranjos florais e coroas para os dois funerais desse dia.Na sua opinião, o segredo para manter as flores bonitas é cuidar delas. Mudar a água, cortar o pé, tirar as folhas por baixo que já não estão boas. Alcinda Lobato confessa que fala diariamente com as flores e acredita que elas a ouvem. “Cuidar de flores é como cuidar de um filho. Temos que as tratar bem. Não existe nada que prove mas acredito que elas nos ouvem’”, explica com um sorriso. No Verão chega a ter pedras de gelo no congelador e de manhã, quando chega à loja, coloca as flores dentro de água com gelo. À noite, antes de ir para casa, volta a fazer o mesmo. Perfeccionista e dedicada à sua profissão, Alcinda Lobato garante que é capaz de passar a noite a fazer coroas e arranjos para um funeral que se realize no dia seguinte. “Digo sempre para me telefonarem às horas que for preciso porque prefiro vir de madrugada ou deixar as coisas prontas durante a noite do que estar de manhã a fazer as coisas à pressa”, avisa.Flores secas, nomeadamente statice e limónios, são as flores que mais vende. “Porque duram mais”. A venda de flores naturais depende da época do ano. Margaridas, cravos e coroas imperiais são as que duram mais. Rosas e geribérias são mais sensíveis ao gelo e ao sol. A florista gosta de todas as flores mas orquídeas, anturíos e bocas-de-lobo são as suas preferidas. O melhor dia para o negócio continua a ser o dia de Todos os Santos, a 1 de Novembro. A semana da Ascensão já foi boa para o negócio. Agora já não. “Quando todos os expositores compravam arranjos de flores para enfeitar o seu stand o negócio corria muito bem, agora não se vende praticamente nada”, garante. E nem o facto de ter a sua loja mesmo em frente à praça de toiros ajuda na venda nos dias de corridas.São as mulheres quem continua a comprar mais flores embora os homens já não tenham tanta vergonha. “Antigamente pediam um saco para levaram as flores mas agora já as levam na mão”, diz acrescentando que eles ainda são românticos sendo o Dia dos Namorados o dia em que mais compram flores para oferecer.
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