Dificuldades financeiras põem em risco lar para crianças e jovens em Abrantes
Responsáveis temem encerramento devido a passivo de 600 mil euros
Instituto de Segurança Social diz que está “inteiramente disponível para trabalhar com os responsáveis da Misericórdia” para encontrar uma resposta.
Com um passivo acumulado de 600 mil euros, o Lar de Infância e Juventude (LIJ) de Abrantes, que actualmente acolhe 18 adolescentes em regime de internato, pode fechar portas no final do mês de Maio, revelaram os gestores do equipamento. Os responsáveis por esta valência da Santa Casa da Misericórdia de Abrantes reuniram em assembleia geral para debater a situação financeira do LIJ, tendo sido aprovada a proposta de extinção do ex-Patronato Santa Isabel se até ao final de Maio as diligências em curso com a Segurança Social não resultarem na celebração de um acordo excepcional.Em declarações à agência Lusa, o presidente do Instituto de Segurança Social (ISS), Edmundo Martinho, defendeu ser “importante que estas respostas continuem”, observando que o acordo de cooperação estabelecido com a Santa Casa da Misericórdia de Abrantes “é igual ao que vigora em todos os lares de infância e juventude” do país.“Tendo em conta as dificuldades financeiras invocadas pela instituição, a Segurança Social prontificou-se a analisar as contas da mesma, com vista a uma assumpção clara dos gastos existentes e necessários”, disse o responsável, assegurando que a instituição que representa está “inteiramente disponível para trabalhar com os responsáveis da Misericórdia” para encontrar uma resposta.O vice-provedor da Misericórdia de Abrantes, Alberto Margarido, disse que as “promessas” da realização de um acordo excepcional com a Segurança Social “nunca se concretizaram”, tendo contabilizado uma verba de 600 mil euros de passivo acumulado nos últimos seis anos.“Cada menina que temos no LIJ [de um total de dezoito jovens e adolescentes com idades entre os 12 e os 20 anos] representa uma despesa mensal média de 1.020 euros”, continuou, acrescentando que o acordo estabelecido com a Segurança Social representa uma prestação de 469 euros por cada jovem. “Este diferencial resulta num défice anual de cerca de 100 mil euros, prejudica as nossas relações com fornecedores, alguns com pagamentos com muitos meses de atraso, e coloca em causa a qualidade da prestação das outras respostas sociais da Misericórdia”, como o lar de idosos, o centro de dia, a creche, o jardim de infância e o apoio domiciliário, vincou.O provável encerramento do LIJ, que acolhe desde 1978 jovens raparigas órfãs ou em risco em regime de internato, ali colocadas pelo Ministério Público, está a levar aqueles responsáveis “ao desespero”, afirmou Eduardo Margarido, lamentando que as “sucessivas reuniões com a Segurança Social não se traduzam numa resposta concreta” ao problema.Com o eventual encerramento do equipamento, as dezoito jovens serão recolocadas noutros locais do país. O LIJ emprega actualmente 12 funcionárias, além de uma psicóloga e uma directora geral.
Mais Notícias
A carregar...