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O fotógrafo que fez todas as edições da Feira do Ribatejo no centro da cidade

Olavo Aires e o pai foram os únicos que fotografaram a primeira feira a seguir ao 25 de Abril

A grande afluência de pessoas animava Santarém. Ao contrário de hoje, em que a feira está no Centro Nacional de Exposições, afastada do centro urbano, na altura havia uma grande ligação à cidade.

Olavo Aires é o fotógrafo que fez todas as edições da Feira do Ribatejo desde o primeiro dia em 1953 no Campo Infante da Câmara no centro da cidade. Tem centenas de milhar de imagens que contam pequenas histórias deste certame iniciado por Celestino Graça e que na época atraia multidões das redondezas. A primeira feira, recorda, foi uma grande agitação para a cidade com muita gente a acorrer ao recinto para ver a maquinaria e os animais. Havia rebanhos de ovelhas que vinham pelas estradas até ao recinto e todo o tipo de animais como porcos, vacas, cavalos…“Era um acontecimento carregado de tipicidade feito à base da carolice”, diz lembrando que não foram precisos muitos anos para que a feira tivesse representação internacional. Os americanos e os brasileiros marcavam forte presença na feira e traziam espectáculos e bandas dos seus países para animar o recinto. A fama foi crescendo e em pouco tempo chegavam ao Campo Infante da Câmara centenas de excursões de todo o país. “Era um mar de gente”. Muitos traziam as cestas com farnéis e a cidade era palco de enormes piqueniques. Lembra-se também quando foi instituída a “noite do vinho” em que eram distribuídas sardinhas assadas e vinho gratuitamente. A grande afluência de pessoas animava a cidade. Ao contrário de hoje, em que a feira está no Centro Nacional de Exposições, afastada do centro urbano, na altura havia uma grande ligação à cidade. O comércio nos dias em que decorria a feira estava aberto todo o fim-de-semana e as lojas faziam bons negócios. Olavo Aires recorda que os restaurantes estavam sempre cheios. No Central, no centro histórico, faziam-se filas de muitos metros para almoçar. Olavo e o pai Júlio Figueiredo Aires trabalhavam dia e noite para imprimir as fotografias que hoje são documentos históricos. Fotografavam para vender mas também para os jornais como “O Século”, “O Primeiro de Janeiro”, entre outros. Olavo e o pai são os únicos fotógrafos que fizeram imagens da primeira feira a seguir à revolução do 25 de Abril de 1974. “Na altura correu o boato de que metiam bombas na feira e quando esta começou não apareceu ninguém para fotografar além de nós”, recorda. Dos caixotes de fotos a preto e branco vai retirando pedaços de memórias, como aquelas em que aparecem Marcelo Caetano ou o Presidente da República Américo Tomás… Há fotos de americanos, de turistas de vários países. Olavo e o pai tinham o exclusivo das fotografias das embaixadas dos países representados na feira, o que lhe permitiu fazer grandes conhecimentos. “Faziam-se grandes amizades”, realça. Nos primeiros anos havia na feira bandas de música, ranchos folclóricos nacionais e depois de outros países, acordeonistas. A Orquestra Típica Escalabitana tinha sempre concertos. Mas também havia passagens de modelos, gincanas de automóveis e chegaram a realizar-se corridas de cavalos com apostas. Olavo Aires ainda fez os dois primeiros anos da feira no CNEMA porque lhe pediram, mas depois não quis fazer mais. Vai todos os anos à feira na Quinta das Cegonhas mas como visitante. Diz que se perdeu um elemento importante da feira que era a ligação à cidade, o que considera ser “um desastre”.

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