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Aulas de música na sala de arrecadações geram descontentamento em Alverca

Presidente da colectividade garante que é uma das mais activas do concelho

Não existe uma única janela e o cheiro é insuportável na sala de arrumos que acolhe as aulas de música do Centro Social e Cultural do Bom Sucesso que decorrem no Centro Cultural do Bom Sucesso, em Alverca do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira. Os dirigentes da colectividade têm pena de ver a actividade decorrer nestas condições quando existem salas no Centro Cultural do Bom Sucesso que não são usadas.

As aulas de música do Centro Social e Cultural do Bom Sucesso, uma das associações que integra o Centro Cultural do Bom Sucesso, em Alverca do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira, decorre na sala de arrumos do auditório, onde não existe uma única janela. Um auditório sem um sistema de luzes e som num edifício que custou 2 milhões e 200 mil euros é outro dos problemas apontados pelos dirigentes da associação. O Centro Social e Cultural, criado há 34 anos, passou para as instalações do Centro Cultural do Bom Sucesso em Abril de 2009. Foi assinado um protocolo com a câmara que permite à colectividade usufruir do auditório, bar e três gabinetes de direcção por um período de 25 anos. A Federação das Associações de Pais do concelho de Vila Franca de Xira (FAPXIRA), o Clube de Aeromodelismo de Alverca, a Associação Dinamizadora de Folclore do concelho de Vila Franca de Xira e a Associação para a Promoção da Saúde e do Desenvolvimento Comunitário são as outras quatro associações que integram o centro. “Nunca conseguimos compreender a repartição de espaços entre as associações levada a cabo pela autarquia. Temos 15 alunos a aprenderem bateria, órgão, viola e acordeão na sala de arrumos do auditório”, começa por dizer a tesoureira e coordenadora do Centro Social e Cultural, Graciete Fial. O MIRANTE testemunhou a falta de condições da sala onde os alunos aprendem música. Não existe uma única janela, o cheiro é insuportável, não apresentando o mínimo de condições para a aprendizagem. O auditório não é uma alternativa porque está nos mesmos dias a ser usado para as danças de salão. Os dirigentes precisam de mais espaço e não compreendem como é que existem associações com salas que não usam. “Existem colectividades que vêm cá uma vez por mês e outras não usam simplesmente o espaço. Cada uma tem ao dispor duas salas e uma casa de banho. Não estamos a pedir para se irem embora, tem tanto direito a estar cá como nós, tem é de existir outra gestão e organização dos recursos”, repara o técnico cultural e coordenador, David Gonçalves. Dar a cada uma destas colectividades uma sala é a solução apontada pelos dirigentes que ganhariam então duas salas. Já expuseram por diversas vezes o problema à câmara mas nunca receberam qualquer resposta. Também a Junta de Freguesia de Alverca se mostrou insensível às actuais condições de trabalho no Centro. No exterior do edifício está um cartaz verde que faz referência a uma delegação da junta no Centro que nunca chegou a existir, induzindo os munícipes em erro. “Chegámos a pedir à junta a cedência da sala para colocar a turma da música mas nunca se mostraram disponíveis”, acusa David Gonçalves. Em vários caixotes, na sala de arrumos, estão também troféus. “Tivemos direito a uma pequena vitrine para colocar algumas das taças que temos mas não chegam. É uma pena termos este espólio todo guardado”, acrescenta a tesoureira Graciete Fial. Os problemas parecem não acabar. “Não percebemos como é que um investimento tão grande na construção deste centro não contemplou uma verba para o material de luz e som para o auditório”, diz o presidente. Os camarins do auditório, que estão no piso de cima, são duas salas vazias, onde não existem espelhos, uma mesa ou vestuários que garantam privacidade aos utilizadores do auditório. Os dirigentes gostariam de criar futuramente um atelier de desenho mas precisam de mais espaço. O presidente da Junta de Freguesia de Alverca, Afonso Costa, garante a O MIRANTE que a junta nunca se recusou a ceder a sala que possui no Centro. Em resposta enviada a O MIRANTE, a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira informa que está ao corrente das solicitações da colectividade, que em breve terão resolução de acordo com a observação registada pelo município quanto ao uso das instalações. Em relação à ausência de um sistema de luz e som no auditório, a autarquia diz que tem sido suprida pontualmente face a cada momento.Programaçãoé diversificadaA programação do Centro Cultural do Bom Sucesso foi alvo de polémica recentemente, quando os eleitos da CDU acusaram, numa reunião de câmara, o edifício de estar parado culturalmente. O coordenador do centro e também director do Museu do Neo-Realismo, David Santos, não se revê na crítica. “O município tem organizado exposições de artistas plásticos do concelho e também existe uma biblioteca que imprime uma dinâmica ao espaço”, assegura. Todas as entidades que estão sediadas no centro têm a possibilidade de colaborar na programação, embora a mais activa seja o Centro Social e Cultural. Os dirigentes da colectividade que trabalham em regime de voluntariado reagiram muito mal à notícia publicada por O MIRANTE que dava voz às críticas da CDU. “Não desfazendo o trabalho de outras colectividades, somos uma das mais activas do concelho”, atesta Carlos Conceição que também não compreende como é que as actividades do centro não foram inseridas no último roteiro cultural da autarquia que é distribuído pelas caixas de correio dos munícipes.E para o provar, o presidente dá conta das actividades que tem durante a semana, como o rancho, as danças de salão, o taiji bailong ball, o kenpo, a escola de música e a secção de natação que se realiza nas piscinas municipais de Alverca. “Temos organizado noites de fado, torneios de sueca, cafés-concertos, espectáculos de teatro, noites com DJ’s”, continua o presidente, que tem a preocupação de criar uma programação que abranja todos os tipos de público. No segundo sábado de cada mês organizam um evento, cujo valor das receitas da bilheteira reverte para a CerciTejo, que apoia crianças e jovens deficientes e inadaptados em Alverca. Também na penúltima quarta-feira de cada mês, projectam um filme para utentes da CerciTejo. De dois em dois meses, o Centro Social e Cultural do Bom Sucesso promove um encontro de tradições ao domingo à tarde. Além destas actividades fixas, existem ainda as que vão organizando ao longo do mês, como a Feira da Juventude, promovida pela associação jovem “Caminhar com Rumo”, que vão acolher no dia 4 de Junho. “É normal que exista uma programação maior do Centro Social e Cultural do Bom Sucesso porque também ocupam um maior espaço e têm outra dinâmica. Gostaríamos que as outras colectividades também colaborassem para o centro e não apenas para elas próprias”, conclui David Santos.

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