Bibliotecária por acaso
A actividade nunca fez parte das aspirações profissionais de Maria José Pereira
A técnica está ao serviço da Biblioteca Municipal de Tomar desde Julho de 1999.
Maria José Pereira, 42 anos, é natural de Montalvo, Constância, mas trabalha há cerca de 10 anos na Biblioteca Municipal de Tomar. Sorridente e comunicativa, recorda como o mundo das bibliotecas lhe surgiu não tanto enquanto um sonho de vida, mas pelo aproveitar das oportunidades que foram surgindo. Afirma que o maior prazer do seu ofício é criar o gosto pela leitura. Talvez por isso o seu livro favorito seja uma obra infanto-juvenil, “A Casa feita de Sonho”, de Ricardo Alberty. “É um livro que retrata uma das componentes da natureza humana: a persistência, a luta, o não desistir dos sonhos. É um livro concebido numa linguagem muito simples e afectiva”, refere. “Inicialmente, a profissão de bibliotecária nunca fez parte das minhas aspirações profissionais”, começa por contar. Ao terminar o ensino secundário, inscreveu-se na Universidade Nova de Lisboa, mas não conseguiu entrar. “Posteriormente, e como o secretariado de direcção era uma área com bastante procura, optei por tirar um curso de secretariado na American Secretarial School of Lisbon. Quando terminei, trabalhei numa firma de trabalho temporário em Lisboa durante cerca de ano e meio”.Certa da sua intenção de seguir o ensino superior, acabou por conseguir entrar em Língua e Literatura Portuguesa, na Faculdade de Letras de Lisboa. “Nesse mesmo ano, e apesar de ser numa universidade privada, optei por fazer o curso de Ciências da Comunicação (especialização em Relações Públicas) na Universidade Autónoma de Lisboa, porque era uma área que eu gostava particularmente”, recorda. Mais tarde, na falta de opções profissionais, fez uma pós-graduação em Ciências Documentais.Maria José Pereira explica os motivos da decisão “pelo facto de ser uma das áreas mais procuradas, numa altura em começava a ser implementada a Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, com o objectivo de dotar cada concelho com uma nova e moderna biblioteca municipal”. Uma área ainda ligada à comunicação e que acaba por dar auxílio à formação e educação das pessoas foram outros dos factores que a levaram a decidir enveredar por este caminho.Durante o percurso escolar e profissional passou por vários ofícios, tendo trabalhado em Lisboa, Constância e mesmo na fábrica da Tupperware, em Montalvo, recorda. Na Biblioteca de Tomar encontra-se a trabalhar desde Julho de 1999.“A principal função de bibliotecário consiste, fundamentalmente, em disponibilizar a informação aos leitores/utilizadores e torná-la acessível de forma rápida e eficaz. Esta eficácia tem a ver com a facilidade com que o utilizador encontra aquilo que pretende”, explica. “Deste processo faz parte a classificação dos documentos (textuais, sonoros ou visuais), ou seja, o agrupamento destes por assuntos e sua posterior indexação”. A profissão de bibliotecária passa ainda por organizar os serviços, coordenar recursos humanos, assim como promover as actividades que decorrem na biblioteca. Ao público interessa sobretudo a literatura portuguesa e estrangeira, mas Maria José Pereira recorda-se de um período que saíam muitos livros de culinária, embora não saiba explicar o porquê dessa fase. “Depois, e como a nossa biblioteca é, maioritariamente, frequentada por estudantes, são os livros técnicos, com assuntos específicos”. “Eu nunca pensei seguir uma profissão em particular, as Ciências Documentais foram quase um acaso. As opções foram-se tomando à medida das situações com que a vida me confrontava. Mas hoje sinto-me muito feliz a trabalhar nesta área e julgo ser um privilégio trabalhar diariamente na formação e educação das pessoas. Formar leitores é um dos nossos desafios, o que não é muito fácil”, comenta. Refere que os momentos mais marcantes enquanto bibliotecária é “quando concluímos que vale a pena apostar na promoção da leitura. É quando vimos uma criança feliz no final de uma história, ou quando tira da estante um livro para ver, porque é sinal que lhe suscitámos curiosidade”.A profissão de bibliotecária foi mudando com o tempo e os computadores, mas Maria José Pereira acredita que o ofício terá sempre futuro. Até porque “apesar de todas estas mutações, o homem necessitará sempre de buscar o conhecimento e nesse aspecto as bibliotecas têm sabido preservar a sua essência”.
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