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Director de jornal queixa-se de pressões de deputado socialista e polémica alastra à Câmara de Ourém

Director de jornal queixa-se de pressões de deputado socialista e polémica alastra à Câmara de Ourém

Presidente do município não gostou que se insinuasse que a câmara podia cortar nos subsídios a uma instituição devido à linha editorial do Notícias de Ourém e ameaçou avançar com uma participação ao Ministério Público.

Um suposto telefonema do ex-deputado socialista António Gameiro ao director do jornal “Notícias de Ourém”, Vítor Cordeiro, que se terá sentido pressionado pelo político relativamente à linha editorial da publicação, motivou acesa polémica entre o executivo da Câmara de Ourém que já dura há um mês. Na sequência do editorial escrito por Vítor Cordeiro na edição de 20 de Maio, onde este denunciou as alegadas pressões de Gameiro em tempo de pré-campanha eleitoral para as legislativas, a questão foi levada à reunião camarária de 7 de Junho pela oposição PSD. A jornalista do semanário presente na sessão chamou a si a palavra, afirmando que tinha provas de pressões envolvendo o Centro de Recuperação Infantil de Ourém (CRIO), do qual Vítor Cordeiro é coordenador. Na reunião camarária de terça-feira, dia 21 de Junho, o tema voltou a ser discutido, referindo o presidente do município, Paulo Fonseca (PS), que a questão já foi analisada juridicamente e que vai ser comunicada ao Ministério Público, rejeitando que haja qualquer pressão da autarquia sobre o jornal ou qualquer retaliação em termos da atribuição de apoios ao CRIO.A conversa entre António Gameiro e Vítor Cordeiro foi referida como sendo alheia a todos os presentes, comentou Paulo Fonseca. “A jornalista do referido jornal disse aqui que tinha provas que havia interferência na atribuição de subsídios e referiu-se ao CRIO”, afirmou. “Já tive uma reunião com a direcção do CRIO e juraram por tudo que não tinham nada a ver com essa situação e que só tinham bem a dizer da câmara”. O autarca referiu de seguida que ficou acordado realizar um protocolo com o CRIO de forma a ajudar no pagamento do novo edifício da instituição, uma vez que a comparticipação comunitária é apenas de 75 por cento e é necessário apoio para garantir os restantes 25 por cento. “Pedimos que se apreciasse juridicamente a questão, estão em causa dinheiros públicos, em concreto em relação ao CRIO”, afirmou Paulo Fonseca. A questão vai ser comunicada ao Ministério Público “e isto terá que ser clarificado em sede própria”. Não podemos deixar passar isto em claro”, concluiu. Contactada por O MIRANTE, a jornalista do Notícias de Ourém, Aurélia Madeira, esclareceu que o que disse na sessão de 7 de Junho é que “havia provas de interferência de pessoas ligadas ao PS, externas à Câmara de Ourém, e que o director do jornal, enquanto coordenador do CRIO, não se queria envolver porque temia que isso pudesse de algum modo prejudicar a instituição”. E acrescentou: “Até porque o então deputado António Gameiro, quando telefonou, fez referência a subsídios em tom de ameaça e como o jornal não recebe subsídios, a única leitura possível tinha a ver com a ligação do director ao CRIO”.A jornalista tornou a afirmar que tinha provas de que há interferências de pessoas, não do actual executivo PS mas ligadas ao partido. Questionada sobre o encaminhamento do caso para o Ministério Público, Aurélia Madeira manifestou concordância. “Talvez seja forma de esclarecer”.Ex-deputado não comentaJá o ex-deputado António Gameiro, questionado por O MIRANTE, manifestou desconhecer todo o desenrolar da situação após o editorial do Notícias de Ourém. Preferiu não se pronunciar, referindo que se tratou de uma conversa privada com o director daquele jornal.No polémico editorial, datado de 20 de Maio, pode ler-se que “um conhecido colunista do «Notícias de Ourém», a exercer funções de deputado na Assembleia da República há alguns anos, entendeu, sabe-se lá porquê, que, na qualidade de deputado tem mais direito a escrever neste jornal que os outros leitores”. Mais à frente refere que o deputado “arrogantemente, primeiro com uma jornalista deste jornal, e depois comigo, a dar-se ares de senhor importante, quis dar a entender que temos de ter cuidado com as crónicas que o jornal reproduz, porque... devemos entender... há subsídios... enfim... como quem diz... as coisas cá se fazem cá se pagam”. E continua afirmando que “perante tanta presunção, pelo menos fiquei a saber que este senhor «risca» qualquer coisa na câmara. Como, não sei... porquê, não sei... mas, enfim, se calhar também não é para se saber”.
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