O discurso que a presidente da Câmara Municipal de Alcanena, Fernanda Asseiceira, fez no Dia do Concelho, a 8 de Maio, foi alvo de duras críticas na última sessão da assembleia municipal. O assunto começou por ser espoletado pela deputada da bancada do PSD/CDS, Ana Cláudia Coelho que classificou o mesmo como insultuoso. “Chamou burros e ignorantes a alguns e disse que o PSD local está como o nacional, em desnorte, o que face aos resultados de 5 de Junho até foi uma comparação credível”, ironizou. A deputada acrescentou que a presidente da autarquia foi a única, entre os que discursaram, que tomou uma posição de “sectarismo” e até de “arrogância” ao dizer que “só trabalha com alguns”. “A senhora presidente escolheu a oportunidade para criticar e insultar toda a gente. Este tipo de picardia numa sessão solene caiu muito mal”, criticou Ana Cláudia Coelho. Também a CDU registou, para acta, o seu desagradado pelo facto de “ter sido apelidada de ignorante na sessão municipal”. Fernanda Asseiceira assumiu que o discurso que fez no dia 8 de Maio é da sua inteira responsabilidade e pediu para o mesmo, tal como os restantes que foram feitos, serem apensos à acta da reunião de assembleia municipal para ver quais realmente “ofenderam e insultaram”. “No que diz respeito aos ICA, todas as críticas que fiz até ao dia 17 de Junho foram poucas”, disse a autarca, abstendo-se de fazer outros comentários.Oposição passada a pente finoNesse discurso escrito, Fernanda Asseiceira optou por passar a actuação da oposição a pente fino em detrimento de um registo mais agregador. Após dizer que o concelho “não poderá ser considerado para eliminar no âmbito da reorganização administrativa” prevista, a autarca socialista atacou primeiro o “grupo de falsos independentes que devia pedir desculpas publicamente a todos os munícipes pelo estado em que deixou o município”, acusando-os de continuar a “dizer, com o maior dos desplantes, mentiras e acusações completamente inundadas”, procurando “enganar as pessoas”.Quanto ao PSD, Asseiceira também não poupou na tinta, dizendo que “está ao nível local como está ao nível nacional: descredibilizado e sem rumo”. Pelo que, escreveu, “a sua actuação tem um único objectivo: descredibilizar quem trabalha e desvalorizar o rumo que os outros trilham”. O CDS também não foi poupado, embora tenha merecido “poucas referências”, uma vez que ao aceitar coligar-se com o PSD “não existe” nem na câmara nem na assembleia municipal.A CDU é a menos causticada pela presidente da câmara, mas mesmo assim não se livrou de levar com o rótulo de ignorante por revelar “algum desconhecimento” relativamente a alguns assuntos. Fernanda Asseiceira reconhece contudo “o respeito pelo órgão deliberativo que integra, bem patente quer quando interpela quer quando ouve os esclarecimentos que solicita”.