Companhia das Lezírias quer apostar na produção de arroz e pinheiro manso
Empresa do Estado comemorou 175 anos
A Companhia das Lezírias é uma empresa “financeiramente saudável” que no último ano apresentou lucros de meio milhão de euros. Isto apesar de Portugal estar a viver o que o presidente da companhia descreve como o pior contexto socio-económico dos últimos cem anos. O arroz e o pinheiro manso continuam a render bom dinheiro à companhia e a privatização não está, de momento, em cima da mesa.
Reforçar a produção do arroz e pinheiro manso e reduzir nos gastos com a pecuária e pastagem são os objectivos principais da Companhia das Lezírias (CL) para o próximo ano. A informação foi avançada a O MIRANTE pelo presidente do conselho de administração, António João de Sousa, no dia em que a CL celebrou 175 anos de vida. No que toca ao arroz, um dos principais pilares de rentabilidade da companhia, foram acrescentados mais 300 hectares aos 1400 de que a CL já dispunha para o cultivo. “Financeiramente somos uma empresa saudável, sem problemas e que tem apresentado resultados líquidos positivos. Actualmente temos negócios que são rentáveis e outros menos rentáveis. Vamos ter de investir numas áreas e desinvestir noutras”, informou. No último ano a CL registou um lucro de meio milhão de euros, duplicando os valores do ano anterior (271 mil euros).“A cortiça é também uma área importante e pode ser um pilar futuro de desenvolvimento. Também apostámos no pinheiro manso. Por causa das pinhas é muito rentável”, frisou o administrador. Outros projectos, como a central de biomassa, continuam em estudo.“Este momento é difícil para Portugal e para todas as empresas que estão em território nacional. É um contexto muito exigente e no panorama socio-económico é o mais difícil desde há cem anos para cá. Quem está à frente das empresas tem de ter isso em atenção e gerir ainda com mais rigor”, alerta António João de Sousa.A privatização está sempre, segundo o responsável, “na ordem do dia” mas o actual presidente da CL não acredita que isso venha a acontecer. “É uma decisão política que irá ser tomada, não sei em que sentido. Sei que neste momento não tenho conhecimento de que esta empresa vá ser privatizada. Vi várias listas e o nome da companhia não aparece em lado nenhum”, refere. O facto de 18 mil hectares estarem inseridos na Reserva Natural do Estuário do Tejo e na Zona de Protecção Especial fazem da companhia “mais do que uma empresa mas também uma identidade”. Outros planos futuros da companhia passam por focalizar-se nos negócios mais rentáveis, reorganizar processos empresariais e dar enfoque aos recursos humanos. “Não nos podemos esquecer de duas áreas que são os nossos pilares, como a responsabilidade social e a sustentabilidade ambiental. O turismo continua a ser um investimento residual que ainda tem muito por onde crescer. Actualmente a CL tem 8500 hectares de floresta certificada, 6700 de montado de sobro e quase 3800 cabeças de bovino enriquecido naturalmente com Ómega 3. As comemorações dos 175 anos realizaram-se na tarde de 21 de Junho na zona de Braço de Prata com uma visita guiada pela companhia e uma exibição da Escola Portuguesa de Arte Equestre, seguida de um jantar de convívio.Mudança de Governo não preocupa administração da CompanhiaO facto do Governo do país ter mudado de cor política recentemente não parece incomodar António João de Sousa, presidente do conselho de administração da Companhia das Lezírias. O gestor preferiu não comentar o seu futuro. O cargo que ocupa, recorde-se, é de confiança política e o gestor foi convidado pelo anterior ministro da agricultura, António Serrano (PS) para substituir Vítor Barros.
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