Falta de dinheiro e crises directivas originam quatro desistências na II Divisão Distrital
Quatro clubes da II Divisão Distrital de Futebol Santarém desistiram de inscrever as suas equipas seniores para a época 2011-2012 e existem duas motivações principais: para uns a falta de dinheiro, para outros a falta de dirigentes.
A sul falta dinheiro a Pernes e Marinhais enquanto a norte, a Tramagal e Meiaviense faltam os dirigentes. O Atlético Clube de Pernes não inscreveu a equipa principal e logo na época em que possui todos os escalões de formação, desde as escolinhas aos juniores. Os atletas maiores não ficam parados e grande parte da equipa vai formar o plantel de futsal na II Divisão distrital. Falta de dinheiro para formar uma equipa devido ao atraso no pagamento de subsídios por parte da Câmara de Santarém desde a época 2008-2009 é como presidente do Pernes justifica a decisão de prescindir da equipa futebol sénior. “Nós sempre trabalhámos sem grande apoio local das empresas mas é impossível trabalhar quando não recebemos nada da Câmara de Santarém desde 2008-2009. Esse atraso coloca em risco a a actividade do clube já que no futebol são sempre os mesmos a trabalhar”, realça Pedro Teopisto.Para o dirigente é ainda uma falta grave ter de continuar a jogar num pelado, quando nem o campo do Livramento recebe um relvado nem o prometido parque desportivo de Pernes avança. Para cúmulo, há jogadores e jogadoras para formar as equipas masculina e feminina de futsal mas falta o pavilhão. “O ano passado jogámos em Alcanena, o que é uma vergonha para Santarém. Agora aguardamos resposta ao pedido de jogar no pavilhão de S. Vicente do Paul”, conclui.No mesmo mal se queixa Carlos Silva, presidente do Grupo Desportivo de Marinhais. Se aposta nos jogadores da casa, fica nos últimos lugares e não atrai público nem entusiasmo de levar gente aos jogos. Se aposta forte e contrata jogadores da zona de Lisboa, como na época passada, os resultados pouco melhoram e os custos disparam. Esta época nem uma coisa nem outra. “Em última análise tentámos ver se havia jogadores locais ou de perto para formar um plantel mas não chegou. A época passada não funcionou e tivemos muitos custos com as deslocações pagas aos jogadores de Lisboa. Para mais, ainda vemos neste concelho a Câmara de Salvaterra de Magos atribuir-nos quatro mil euros por época ao mesmo tempo que dá 15 mil euros ao Salvaterrense, não sei com que critério”, acusa Carlos Silva. Para o presidente do Marinhais soma-se à falta de dinheiro e jogadores os custos elevados com policiamento e taxas, de quase 250 euros por jogo quando as receitas só chegam a metade.A norte não falta dinheiro mas precisam-se dirigentes O Tramagal Sport União não inscreveu a equipa sénior pela primeira vez na sua história devido a uma crise directiva. A falta de listas candidatas aos órgãos sociais fez com que se preterisse a época 2011-2012. Fernando Agostinho liderou o clube até final do último mandato e manteve-se à frente de uma comissão administrativa à procura de soluções. “O clube tem tudo em dia nas suas obrigações e nem faltava apoio para inscrevermos a equipa. Estive dois mandatos à frente do clube até Junho último. Realizaram-se seis ou sete assembleias gerais sem que aparecessem listas e assim continuamos” recorda Fernando Agostinho. O Tramagal tem equipa de futebol de juniores e de sub-11 e também a equipa de futsal. Fernando Agostinho considera, no entanto, que os apoios de entidades públicas, como câmaras municipais, são importantes para que os clubes assegurem equipas seniores.O Clube Desportivo Operário Meiaviense quer adquirir a sede onde está instalado há cerca de 50 anos e canaliza todas as energias para esse objectivo. Uma crise directiva devido à falta de alternativas para os órgãos sociais do clube também pesou na decisão de não ter seniores. “Realizámos três assembleias sem aparecerem listas mas tudo parece resolvido. Quanto à sede social, vamos contrair um empréstimo junto da banca para a adquirir e estamos em conversações com os proprietários”, refere Filipe Conde, admitindo que será necessária uma verba acima de 50 mil euros para recuperar e requalificar o edifício. Quanto à equipa de futebol, Filipe Conde admite que precisaria sempre de oito a nove mil euros para a temporada. Todos os dirigentes admitem que a época 2012-2013 estará em aberto, consoante as condições que tiverem na altura.Associação de Futebol de Santarém considera que não houve “razia” O presidente da Associação de Futebol de Santarém contava com a desistência de algumas equipas devido às dificuldades financeiras que se vivem mas considera que quatro clubes a menos não significam uma razia para os campeonatos. “A II Divisão Distrital terá 20 clubes distribuídos em duas séries, com duas subidas automáticas e uma terceira equipa apurada entre os segundos classificados das séries, realizando-se também ao longo da época um torneio extraordinário, em que as equipas podem ir fazendo utilização de juniores nas equipas principais”, esclarece.O dirigente congratula-se pelo facto de muitos clubes estarem a apostar nos juniores na actual fase difícil e lembra que a não inscrição de clubes não é situação virgem da Associação de Santarém. Considera ainda necessário que o Estado assuma as suas responsabilidades no pagamento do policiamento dos jogos, em vez de serem os clubes a faze-lo, e não considera que as taxas de jogos cobradas pela associação sejam elevadas. “As taxas cobradas servem para pagar os prémios e deslocações dos árbitros. Os clubes devem estar agradecidos aos árbitros que não têm visto aumentados os seus prémios e apoios em deslocações”, conclui.
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