Há um ano pediu à câmara que fiscalizasse as intervenções no espaço público, nomeadamente quando são esventradas estradas e passeios que não são reparados logo após as obras. Conseguiu resolver a situação?Já antes de ser presidente da junta, quando era ainda tesoureiro do executivo anterior e tinha a responsabilidade das obras, andava a chamar a atenção para o problema. Sempre defendi que os empreiteiros, sejam os operadores de televisão por cabo, os serviços municipalizados ou outras, devem ser obrigados a deixar o local tal e qual como estava ou ainda melhor. Fazem-se obras, abrem-se valas e depois as empresas vão-se embora e deixam tudo em muito mau estado. Veja-se o caso da construção da plataforma logística na Castanheira do Ribatejo. Foi assumido que a reparação das estradas e passeios por onde passariam os camiões seriam da responsabilidade da empresa. Neste momento a obra está parada, já levantaram o estaleiro e deixaram as estradas cheias de buracos. A sua freguesia tem mais população que alguns concelhos. Mas atendendo à dependência das juntas em relação às câmaras não deve ser fácil conseguir fazer aquilo que quer na sua terra.Nem nós nem nenhuma outra junta. Nós temos conseguido resolver muitas situações com o pouco dinheiro que temos disponível, mas não conseguimos resolver todos os problemas que nos aparecem. Tivemos um corte de 15 por cento no orçamento que vem da câmara. Mesmo assim fazemos muita coisa que não está sequer dentro das nossas competências. Temos dinheiro para colocar um vidro numa escola e neste momento já metemos uns dez. Era muito fácil as escolas abrirem, terem os vidros partidos e nós dizermos que aquilo era da responsabilidade da câmara. Na escola EB 2/3 D. António Ataíde na qual não temos responsabilidades, somos nós que vamos dar uma ajuda de vez em quando para manter os espaços exteriores em condições. No ano passado disse que faltavam umas piscinas na freguesia. Num concelho com vários equipamentos destes e numa época de contenção ainda continua a achar que todas as freguesias devem ter piscinas? Não era mais rentável haver equipamentos que servissem populações de duas ou mais freguesias?Enquanto eu e a minha equipa cá estivermos vamos continuar a lutar por aquilo que achamos que a Castanheira do Ribatejo merece. Independentemente de reconhecer que existem várias piscinas no concelho e que é um investimento caro, as populações também têm direito a algumas regalias. Por isso escolheram esta terra para morar. Desde que é presidente de junta quantos projectos e iniciativas já fez em conjunto com as freguesias vizinhas?Temos trocado ou cedido algum equipamento, mas estamos muito limitados. São casos pontuais e não propriamente iniciativas. Quantas vezes já telefonou este ano à presidente da câmara para lhe pedir algo para a freguesia? Já liguei algumas vezes, mas não gosto de andar constantemente a telefonar. Tento resolver os problemas através dos departamentos da autarquia e só ligo directamente à presidente quando me deparo com grandes problemas como as cheias e é preciso actuar imediatamente. Considero que deveria existir uma maior comunicação entre o executivo da câmara municipal e os presidentes da junta. Um dos poucos autarcas comunistas num concelho dominado pelos socialistas consegue fazer-se ouvir?Tenho muito orgulho em estar cá com uma equipa que tem muita gente independente e um número elevado de mulheres. Há determinados assuntos das juntas de freguesia que não recebem a atenção merecida do executivo camarário. Este não trata devidamente nenhuma junta de freguesia do concelho como deveria tratar. Quanto tempo é que já esperou por uma consulta no centro de saúde?Felizmente não vou muito ao centro de saúde. Tenho ideia que as esperas são demoradas de vez em quando, mas nada de alarmante. O problema mais grave é continuar a existir muita gente sem médico de família. O que é que mudou com a elevação de Castanheira do Ribatejo a vila?A Castanheira do Ribatejo chegou a vila porque conseguimos ter muitos equipamentos, desde bancos, a centros de saúde e empresas. As pessoas gostam de morar nesta terra, tem a estação perto embora tenha um senão muito grande, que são os transportes. Deveriam existir mais comboios a passar e também não existem muitas ligações com os autocarros. Há pessoas a deslocarem-se para lá às 6h00 ou a regressarem do trabalho à 1h00 e é muito perigoso. 26 anos depois de passar a vila o que é que ainda falta cumprir?Para além da piscina e das estradas municipais em mau estado, a prioridade número um seria a construção de um auditório cultural. Temos um terreno aqui ao lado da junta e queríamos ampliar as próprias instalações da junta, onde passaria também a funcionar a biblioteca.Não há um artista de renome nas festas. A junta não tem dinheiro para espectáculos?É evidente que também gostaríamos de trazer grandes artistas, que muitas vezes levam o dinheiro e pouco mais. Mas não temos verbas de momento. Gostamos muito de trabalhar com a prata da casa. Temos aqui um movimento associativo muito dinâmico que admiramos e respeitamos imenso. Vão ter a oportunidade de mostrar tudo aquilo que realizam durante o ano, desde o desporto à música. Quando terminar o mandato o que é que vai deixar à população?Saio daqui com a certeza que eu e toda a minha equipa fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para melhorarmos esta freguesia. E do que tem mais pena de não ter realizado?Embora não seja competência da junta, vai custar-me sair e verificar que a urbanização da Quinta dos Anjos ou as duas da Cevadeira estão por terminar e os empreiteiros não assumem a responsabilidade perante os moradores.