Aulas em risco nas prisões de Alcoentre e Vale de Judeus
Devem ter chegado ao fim as aulas dadas por professores do Agrupamento Vertical Fernando Casimiro, de Rio Maior, a reclusos dos estabelecimentos prisionais de Alcoentre e Vale de Judeus (concelho de Azambuja). Para já não há informação oficial, mas o director do agrupamento, Vicente Dias, diz que “tudo leva a crer que vai terminar o protocolo” entre os ministérios da Educação e da Justiça que garantia esse serviço. “Continuo à espera de uma informação do ministério e, por isso mesmo, não posso afirmar com certeza que a decisão será esta, muito embora tenha consciência de que é o mais provável” explica o director, garantindo que o agrupamento já está preparado para esse desfecho. “O ano passado sete dos nossos professores leccionaram em Alcoentre e Vale de Judeus (aulas de primeiro e segundo ciclo, de alfabetização e de línguas, esta última dedicada especialmente aos imigrantes) mas se isso não acontecer este ano lectivo temos de reformular horários”, acrescenta Vicente Dias.Os estabelecimentos prisionais ficarão sem aulas. As turmas da responsabilidade do Agrupamento Vertical Fernando Casimiro, que envolviam cerca de 57 reclusos em cada uma das prisões, assim como as restantes de ensino secundário, correm o risco de terminar, deixando muitos reclusos sem esta mais-valia. “Se acabar aqui acaba em todo o lado e, sinceramente, depois não sei como será”, desabafa Vicente Dias.De acordo com o Relatório de Actividades elaborado pela Direcção Geral dos Serviços Prisionais, respeitante ao ano lectivo de 2010/2011, eram cerca de 82 os alunos a frequentar o ensino no estabelecimento prisional de Alcoentre. Situação semelhante acontecia em Vale de Judeus, onde o número de alunos era 63. A estes somavam-se os 75 reclusos que assistiam às aulas de alfabetização, cidadania e empregabilidade, português para estrangeiros e Inglês, também elas leccionadas pelo Agrupamento Fernando Casimiro.O ensino/formação escolar da população prisional tem vindo a ser assegurado desde 1999 em todos os estabelecimentos prisionais do país. Nos últimos anos, e de acordo com informação divulgada pela Direcção Geral dos Serviços Prisionais, o número total de reclusos a frequentar o ensino situava-se próximo dos 3700 indivíduos, correspondendo a 28% da população prisional.
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