Artesãos da região expõem trabalhos em Vila Franca sem medo da crise
Os artesãos da região presentes no 31º salão de artesanato de Vila Franca de Xira expõem a sua arte sem medo da crise. O que importa é pensar positivo e mostrar a sua arte às centenas de visitantes que fazem compras no salão que faz parte da Feira de Outubro. A maioria dos artesãos aplaude as boas condições do novo pavilhão da cidade. A feira e o salão decorrem até dia 9 de Outubro. Estão presentes uma centena de artesãos de todo o país que mostram os seus trabalhos entre as 17h00 e as 23h00 nos dias úteis. Na sexta-feira o horário é alargado até à 01h00. No sábado e domingo o salão abre às 15h00 e fecha respectivamente à 01h00 e 23h00.
Maria da Nazaré, 53 anos, Samora Correia (Benavente)Artesã a tempo inteiroMaria da Nazaré é artesã há quatro anos, depois de ter tirado um curso de cerâmica nas Caldas da Rainha. Pega nas técnicas ancestrais de trabalhar o barro e dá uma imagem pessoal e mais moderna aos seus trabalhos. “Apaixonei-me por isto e passei a ocupar-me a tempo inteiro”, revela a O MIRANTE. Diz que não sente muito a crise porque vende peças únicas que não se encontram à venda em lojas. “As pessoas compram uma peça de artista. Vende-se sempre qualquer coisa”, refere. Esta é a terceira vez que participa no salão de artesanato. “Acho que a feira evoluiu muito e temos melhores condições agora”, conta. A sua peça mais barata custa um euro e meio e a mais cara, um presépio, custa 100 euros.Inocêncio Casquinha, 60 anos, Arcena (Alverca do Ribatejo)Instrumentos com materiais velhosUm cavaquinho feito com latas de óleo ou uma bateria musical feita de materiais que são deitados para o lixo. O artesanato de Inocêncio Casquinha é diferente dos restantes presentes no salão. “Faço brinquedos da mesma maneira que os fazia antigamente, ou seja, aproveitando o que tenho à mão”, explica ao nosso jornal. Começou a fazer peças em criança e nunca mais parou. “Normalmente andava com uma navalha no bolso e fazia todo o tipo de coisas”, conta. Actualmente está reformado e confessa que o artesanato ainda vai dando para a despesa. “A maioria das peças faço-as para mim”, revela. O objecto mais barato custa 3 euros e o mais caro 50. “Acho este novo espaço muito bonito mas nos dias de calor é capaz de ser um bocado problemático, falta um ar condicionado”, alerta. Inocêncio garante que “enquanto puder” vai continuar a fazer artesanato. “É importante manter a tradição”, opina.Carlos Alberto, 59 anos, Vila Nova da BarquinhaApaixonado pelos brinquedosArtesão há mais de 30 anos, Carlos Alberto visita Vila Franca de Xira na esperança que os brinquedos que produz em tecido e madeira impressionem os mais novos. “Sempre fiz brinquedos desde miúdo, apaixonei-me por isto. Assim que pude dediquei-me a esta arte”, revela o artesão de Vila Nova da Barquinha, distrito de Santarém. Carlos Alberto vive exclusivamente das vendas do artesanato que produz. “Isto vai dando para viver por enquanto, não me posso queixar porque gente a queixar-se já há muita”, conta. A sua peça mais barata custa 50 cêntimos e a mais cara 310 euros. Carlos costuma expor no salão de Vila Franca com frequência. “Este novo pavilhão parece ter boas condições, esperemos que as pessoas adiram”, conta.Maria das Neves Pedro, 61 anos, SantarémA primeira vez em Vila Franca de Xira Maria Pedro trabalha em cestaria em junco há quase 22 anos. Frequentou um curso de formação profissional em conservação do património em Santarém e desde essa altura nunca mais deixou de trabalhar no artesanato. “Faço disto o meu principal meio de vida. Viver só disto não dá, principalmente agora na crise mas é preciso olhar sempre em frente e ter esperança”, conta. Cada peça, explica, demora entre três a quatro horas. “Isto é feito em tear e depois é armado, é preciso preparar o junco, cortar e tingir, é complicado”, explica. A peça mais cara que expõe no salão de artesanato é um carrinho de compras, no valor de 45 euros. A mais barata, uma pequena mala, custa seis euros. “É a primeira vez que estou em Vila Franca e estou a achar o espaço muito bom”, refere.Ana Paula Madeira, 52 anos, Vila Franca de XiraPavilhão tem mais condiçõesPara Ana Paula Madeira o passo mais importante do processo criativo é pensar, escolher o material a usar e os santos que vai colocar nos registos e arte sacra que produz. A artesã de Vila Franca de Xira, que também dá aulas de pintura, começou a vender nos salões de artesanato da cidade há quase uma década. Hoje não hesita em dizer que, apesar da crise, o artesanato ainda vai dando para pagar as contas. “O que fazemos não é um artigo de primeira necessidade e tem um público específico mas consegue sempre vender-se alguma coisa”, garante. O tempo de montagem de cada peça varia muito. No salão de Vila Franca o objecto mais barato que tem à venda ronda os 6 euros. O mais caro 200. “Isto é um trabalho único em que é preciso muito empenho para se fazer uma peça com alguma qualidade”, defende. Ana Madeira considera que o salão de artesanato “agora está muito melhor, com o novo pavilhão multiusos”, que em seu entender, tem “mais condições que antigamente”, remata.
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