No Tramagal, Abrantes, concentraram-se na passada semana numa manifestação contra o encerramento da Estação dos CTT, anunciada para sexta-feira, 30 de Setembro, tendo recebido com júbilo a notícia que dava conta da suspensão dessa intenção. Mais determinante do que a expressiva manifestação popular é o facto de a Junta de Freguesia do Tramagal ser a proprietária do edifício onde funciona uma pequena pastelaria da localidade que iria passar a assegurar o serviço. O contrato de exploração prevê apenas duas actividades no espaço (café e papelaria) pelo que a assembleia de freguesia, reunida a 30 de Setembro, chumbou a proposta que visava alterações ao mesmo. O serviço não pode ser assegurado por esse estabelecimento por se considerar que o mesmo não reúne condições.No dia da manifestação, o porta-voz do Movimento Cidadania de Tramagal, Bruno Neto, anunciou que os CTT tinham decidido “suspender” a decisão “de modo a encontrar uma solução que satisfaça as partes envolvidas: CTT, junta de freguesia e população”. Até lá, o posto continua a funcionar no mesmo local, com a mesma funcionária, tendo sido marcada uma reunião com as entidades locais. Apesar desta decisão, fonte dos Correios confirmou a suspensão do encerramento da Estação de Tramagal por “questões burocráticas”, tendo reafirmado a intenção de vir mesmo a fechar aquela estação e abrir um posto na vila.O anúncio do encerramento da estação dos Correios do Tramagal indignou a população da freguesia. Para os tramagalenses, o caso deve ser bem estudado. Maria Etelvina Duarte estava preocupada, sobretudo, com o facto de ter que passar a receber a sua reforma numa pequena pastelaria da localidade. “Na Estação dos Correios sinto-me mais segura a levantar o dinheiro do que num estabelecimento comercial”, disse a O MIRANTE, considerando que também é pouco praticável estar a pagar as contas de água, luz e gás num sítio onde estão a servir “bicas e bagaços”.O presidente da junta de freguesia, Victor Hugo Cardoso, sublinhou que os CTT “são um serviço público importante para a população e empresas de Tramagal”, que conta com cerca de quatro mil habitantes, mas que também serve a margem sul do concelho de Constância e o Campo Militar de Santa Margarida, “estando implicadas cerca de sete mil pessoas”. Menos de uma hora após o início da manifestação, a população desmobilizava satisfeita pelo facto de não perder, para já, a estação de Correios. Segundo os CTT, a transferência da estação para um novo posto “resulta da necessidade de adequar a oferta na localidade face à diminuição da procura nos últimos quatro anos”, uma redução quantificada em 22 por cento no número de clientes, de 16,7 por cento na actividade da Estação e de 54 por cento no correio urgente.