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“Nunca pensei que a informática evoluísse tão depressa”

“Nunca pensei que a informática evoluísse tão depressa”

Álvaro Costa, Técnico de Informática, 40 anos, Póvoa de Santa Iria

O técnico de informática Álvaro Costa mora na Póvoa de Santa Iria, mas passa a maior parte do tempo em Vila Franca de Xira, onde tem a sua loja de informática XiraComp. O interesse surgiu com o seu primeiro computador Spectrum. Nunca pensou que as crianças começassem a mexer nos computadores a partir dos cinco anos e que o negócio da formação iria entrar em recessão. Ocupa os tempos livres com a família e de vez em quando gosta de ir ver um jogo de futebol do Sporting. Hoje vive um dia de cada vez, sem fazer grandes planos para o futuro.

Escapei por pouco a um atropelamento de autocarro. Tinha 14 anos quando numa corrida de bicicleta com um amigo tive de parar bruscamente para não bater nele. Caí a escassos metros de um autocarro que seguia na minha direcção. Consegui rolar para uma valeta e escapei ao atropelamento. Toda a gente veio ver porque pensavam que eu tinha sido atropelado. Levantei-me branco como a cal e com escoriações no corpo. Passei a andar mais devagar a pé e de bicicleta. Pratiquei atletismo durante oito anos. Comecei aos 10 anos a correr num clube amador, o Real Juventude de Agruela. Praticava corrida meio-fundo e treinava diariamente. Só tirava um dia de folga. O tempo livre começou a diminuir ao longo dos anos, os resultados também começaram a ser mais fracos e a motivação foi desaparecendo. O bichinho pela informática começou com o Spectrum. Tinha 15 anos quando recebi o meu primeiro computador, um Spectrum, onde era preciso meter as cassetes para jogar. Depois comecei a interessar-me pela programação. Cheguei a criar um programa informático para o clube de atletismo que permitia gerir as inscrições e as quotas. A paixão começou a crescer e mal acabei o secundário optei por um curso de informática de sete meses em Lisboa. Fiz mais algumas formações até chegar à Fundação CEBI, em Alverca, para ensinar informática na óptica do utilizador.Vi que a informática era o futuro. Os alunos que terminavam o 12º ano e não prosseguiam os estudos, procuravam sempre um curso de informática. Em 1995 abri um escritório com quatro computadores em Vila Franca de Xira e cheguei a movimentar mensalmente perto de 60 alunos. Mais tarde, comecei a montar computadores e a comercializá-los. Foram anos de prosperidade e aos 23 anos tinha já uma boa situação económica. Nunca pensei que as crianças começariam a ter computadores aos 5 anos. A procura pela formação começou a diminuir à medida que os computadores começaram a disseminar-se. Tive de mudar o negócio e apostar mais na venda e na assistência técnica, abrindo uma loja no Centro Comercial de Vila Franca de Xira. Mesmo a venda continua agora muito complicada porque tenho a concorrência das grandes superfícies que vendem sem juros e o próprio centro onde estamos instalados está moribundo. Estamos agora a apostar no mercado empresarial e nas escolas, a quem damos assistência, e é isso que nos tem permitido sobreviver. Eu e a minha mulher estivemos divorciados cinco meses. Falta de tempo e alguns desentendimentos que surgem numa vida em comum levaram-me ao divórcio repentinamente. Por teimosia das duas partes, avançamos sem pensar muito. Depois das coisas acalmarem, vimos que continuávamos a gostar muito um do outro e juntamo-nos. Não voltamos a casar e temos agora um filho com seis anos. Não tirei o curso de informática por causa da matemática. Em 1995 resolvi entrar para o Instituto de Electromecânica e Energia para tirar um curso de informática. O curso era pós-laboral e implicava sempre um grande esforço. Sempre tive muitas dificuldades com a matemática e mais uma vez não consegui concluir o curso por causa desta disciplina. Hoje sinto falta do canudo e tenho pena de não me ter dedicado mais aos estudos. Gosto de ir com os amigos ver o Sporting. Comemos umas bifanas, chamamos alguns palavrões ao árbitro e sempre dá para esquecer estes momentos de crise. O resto do tempo livre é ocupado com a família. Levo o meu filho aos treinos de futebol e aos fins-de-semana tento sempre organizar alguma actividade com ele. Também leio muitos livros técnicos porque a informática evolui muito depressa e é preciso estar atento.Vivo um dia de cada vez. Quando tinha 23 anos, achava que tudo iria correr muito bem. Depois quando me comecei a aperceber que o mundo está em permanente mutação, passei a viver um dia de cada vez. Eduarda Sousa
“Nunca pensei que a informática evoluísse tão depressa”

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