Gostei de ler a entrevista com o Constantino Caralinda, um homem demasiado simples para os dias de hoje. Conseguimos perceber a importância deste homem e os atributos que fizeram o nosso Alves Redol “apaixonar-se” por ele. Hoje em dia é difícil imaginar um homem que nunca tenha pedido um empréstimo bancário na vida e tenha vivido sempre com o fruto do seu trabalho. Sente-se no texto que Constantino é ainda uma pessoa com uma genuína simplicidade que a mim me cativou. Entre a sua personalidade jovem e adulta não deve ter havido grandes diferenças. Custa a crer que em Vila Franca, a cidade de Redol, ainda ninguém se tenha lembrado de promover um evento público onde este homem pudesse contar, em pessoa, a sua experiência. Como é possível também que, na reedição recente das obras do autor, não esteja contemplado o fascinante “Constantino, Guardador de Vacas e de Sonhos”? (A menos, claro, que os técnicos do Museu do Neo-Realismo me tenham dado uma informação errada). Mas a ser verdade, como pode a única obra do Redol a ser incluída no programa escolar nacional ter ficado de fora? Só neste país. Ou deverei dizer que apenas neste concelho? Felizmente podemos contar com O MIRANTE para nos trazer estas boas histórias que sempre ajudam a aliviar o fantasma da crise que, infelizmente, serve cada vez mais para vender jornais e menos para verdadeiramente informar. Fernanda Brito Dias